Morre Walber Guimarães

O ex-deputado federal Walber Souza Guimarães faleceu nesta manhã, em Maringá, aos 85 anos de idade. Ele submeteu-se recentemente a uma grave intervenção cirúrgica, e estava no CTI do Hospital Santa Rita.
O velório acontecerá na Capela do Prever da Zona 2, em horário ainda não definido.

Walber Guimarães foi vereador, vice-prefeito de Maringá (gestão Silvio Barros, 1973-76) e deputado federal por três mandatos (de 1975 a 1987), tendo sido segundo vice-presidente da Câmara Federal no período de 1983-84, onde também foi corregedor. Maranhense de Colinas, advogado, era considerado grande articulador e conciliador. Era nome tido como certo num eventual governo Tancredo Neves, que faleceu antes de assumir o cargo. Foi ele quem trouxe Tancredo a Maringá, para ser padrinho do casamento de uma de suas filhas.
Filho de Antônio Nicolau Guimarães e de Lavínia Sousa Guimarães, foi técnico em Contabilidade, oficial administrativo do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários em São Luiz (MA), diretor da empresa de transporte aéreo Norte do Brasil e gerente da Cooperativa dos Ferroviários do Maranhão.
Casou-se com Esmeralda Vaz Guimarães, com quem teve quatro filhos. Segundo o CPDOC, no Paraná, foi gerente da Indústria de Madeiras Filipe e, a partir de 1968, vereador em Maringá. Foi secretário da Câmara Municipal, presidente da Comissão de Redação e vice-presidente da Comissão de Justiça, além de presidente do diretório municipal do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Deixou a Câmara de Vereadores em 1972, ano em que se bacharelou pela Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Maringá.
No ano seguinte, assumiu a vice-prefeitura e, paralelamente, tornou-se presidente da Companhia de Desenvolvimento, secretário de Viação e Obras Públicas e secretário extraordinário.
Em novembro de 1974, elegeu-se deputado federal na legenda do MDB e assumiu o cargo em fevereiro de 1975, após deixar a vice-prefeitura. Foi membro da Comissão de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas e suplente da Comissão de Constituição e Justiça. Reeleito em novembro de 1978, foi vice-líder, além de vice-presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural e suplente da Comissão de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas.
Em outubro de 1979, como coordenador do grupo “moderado” do MDB, condenou o ingresso de comunistas no partido, questão originada de uma sugestão feita por Luís Carlos Prestes, então secretário-geral do proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB). No mesmo mês, após a apresentação do projeto de reformulação partidária do governo, declarou que os oposicionistas que pretendiam formar partidos deveriam paralisar seus planos e tratar de se unir para a modificação do projeto governamental. Afirmou ainda que, caso o projeto fosse aprovado, nenhum parlamentar sairia do MDB; que o partido seria reconstituído com a totalidade de seus integrantes, possivelmente reforçados por dissidentes da Aliança Renovadora Nacional (Arena). Entretanto, quando a proposta governista de extinguir o bipartidarismo foi aprovada em novembro de 1979, filiou-se ao Partido Popular (PP), e no ano seguinte tornou-se vice-líder.
Em abril de 1980, propôs a constituição de uma comissão mista, com senadores e deputados de todos os partidos, para o estudo de reformas dos dispositivos constitucionais referentes aos poderes Legislativo e Judiciário e à organização político-administrativa. Ainda nessa legislatura, foi membro das comissões do Interior e de Relações Exteriores, assim como da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as causas das elevadas taxas de juros do Sistema Financeiro Nacional. Foi também suplente da Comissão de Agricultura e Política Rural e relator da CPI criada para apurar denúncias de atos de corrupção praticados na administração federal. Essa CPI pretendeu convocar ex-ministros do governo Ernesto Geisel e governadores, que, no entanto, foram liberados de prestar depoimento pelo Partido Democrático Social (PDS), majoritário na Câmara, seguindo orientação do governo. A CPI tratou de casos como o da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, acusada de esbanjar recursos quando da realização no Rio de Janeiro, em 1981, do XVIII Congresso da União Postal; o do Banco Econômico, acusado de favorecimento com dinheiro público; e o da Fiação e Tecelagem Lutfala, acusada de recebimento indevido de dotações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), problema que envolvia o governador Paulo Maluf, de São Paulo. Na época, Maluf também foi acusado de doar indevidamente automóveis aos jogadores de futebol que venceram a Copa do Mundo em 1970. Por sua participação nessa CPI sofreu, ao lado do deputado Hélio Duque, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Paraná, ameaças extensivas à sua família e pediu garantias ao ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel. Com a incorporação do PP ao PMDB em fevereiro de 1982, filiou-se a essa legenda, na qual conseguiu nova reeleição em novembro.
Empossado em fevereiro de 1983, votou a favor da emenda Dante de Oliveira que, examinada na Câmara em 25 de abril de 1984, propôs o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. Como a emenda não obteve o número de votos necessários à aprovação — faltaram 22 para que pudesse ser enviada ao Senado —, na disputa ocorrida no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, votou em Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática — união do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal — em oposição ao candidato do regime militar, Paulo Maluf, que acabou derrotado. Tancredo não chegou a tomar posse. Doente, faleceu em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já exercia interinamente o cargo desde 15 de março.
Em novembro de 1986, concorreu à Assembleia Nacional Constituinte e alcançou uma suplência. Deixou a Câmara em janeiro do ano seguinte, no fim da legislatura.

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