Política, vocação, profissão

Em 3 de julho de 2006, foi publicado no Só Notícias, de Sinop MT, cidade onde trabalhei nos final dos anos 70, início dos anos 80, o seguinte artigo, por nós preparado:

“São muitos, os candidatos nas próximas eleições. Teriam todos vocação para a política? O termo vocação vem do latim, vocare, que quer dizer “chamado”. Assim, a vocação é um chamado íntimo de amor. Amor e prazer por um fazer que dá alegria e satisfação. Profissionalmente, quem atende ao chamado íntimo certamente desempenhará suas atividades vocacionais com bom ânimo e disposição, não apenas pela sua remuneração, mas pelo prazer de fazer o que gosta. Ouvir esse chamamento seria o ideal para qualquer ser humano que desejasse ser útil à sociedade na qual vive. A excelência do seu trabalho por certo lhe traria, como conseqüência, uma recompensa financeira satisfatória, no entanto a realidade é bem diferente. Os filhos crescem ouvindo dizer que “alegria não enche barriga”, “vocação nem sempre dá status”, então o jovem precisa optar, pela “barriga cheia”, nem que isso lhe custe a alegria de viver e a utilidade. Aí escolhe uma profissão que lhe traga vantagens financeiras e status em vez de ouvir o chamamento íntimo da sua vocação. Na vocação, a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão, o prazer se encontra não na ação, mas no ganho que dela deriva. O profissional, somente profissional, executa seu “fazer”, não por amor a ele, mas por amor a algo fora dele: o salário, o ganho, o lucro, a vantagem. Já o homem movido pela vocação é um apaixonado pelo seu “fazer”, e faz até de graça, apenas por satisfação. Na política é fácil constatar a diferença entre um político por vocação e outro por profissão. A vocação política é uma paixão por um jardim, já que “política” vem de polis, que quer dizer cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. Político é aquele que cuida desse espaço. A vocação política, assim, está a serviço da felicidade dos cidadãos, os moradores da cidade. Dessa forma, um político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que poderia plantar para si mesmo. O político é, antes de tudo, um jardineiro. O jardineiro por vocação dá sua vida pelo jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir o jardim privado, ainda que para isso aumentem, ao seu redor, o deserto e o sofrimento. Com este texto, elaborado com informações obtidas no site da Federação Espírita do Paraná (Vocação versus profissão), queremos convidar para reflexão cada um dos que pretendem disputar um cargo nas próximas eleições: Será que a sua vocação, antes da política, não é para ser médico, empresário, professor, dona de casa, religioso, etc? Mais sobre vocação: Existem médicos por vocação e profissionais da medicina. Os primeiros exercem as atividades com amor e prazer, sem necessidade de juramentos se dedicam a salvar vidas. Outros, mesmo sob juramento ,geralmente, só atendem mediante prévio pagamento. O que desejamos ressaltar é a necessidade de se ouvir e respeitar o chamado interior, a tendência íntima, a vocação. Isto não quer dizer que não se deva ter remuneração. O ganho, limpo, deve ser conseqüência natural de uma atividade prazerosa, até na política. Que nós outros, eleitores, sejamos inspirados e tenhamos sensibilidade na escolha dos nossos representantes”.
Agora, digo eu (Akino) em 2018: Passados 12 anos, vejo que o tema permanece atual e nós até que já levávamos jeito para o ‘jornalismo’. Para quem não sabe, de 2001 a 2004, publicamos quase que semanalmente artigos em O Diário. Como diria o Neto, sou um ‘zé ruela’, mas nem tanto. Até que já sabia escolher os temas (lembrando que naquele ano tivemos eleições presidenciais e Lula foi reeleito, apesar do desgaste provocado pelo escândalo do mensalão).
Akino Maringá, colaborador

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