Por que o TCE não investigou?

A resposta à pergunta de Celso Nascimento é a mesma dos tempos de Paolicchi (e o TCE continua se achando):

A Copel teve de pagar R$ 11,8 milhões para escritórios de advocacia e de investigação forense para descobrir o destino que teriam tomado R$ 160 milhões que faziam parte do lucro auferido por sua subsidiária Uega (Usina de Eletricidade a Gás de Araucária).

O “sumiço” do dinheiro foi descoberto quando a Copel verificou, em outubro do ano passado, ao fechar as contas do trimestre anterior, que precisaria lançar mão dos lucros da Uega.
O projeto imobiliário que não saiu do chão em Osasco (SP). À direita, a nova sede da prefeitura municipal, que integraria o complexo.
Nada feito. A Uega não tinha o dinheiro em caixa e nem aplicado em fundos de públicos de resgate automático. Depois de percorrer um caminho tortuoso, foi parar numa empresa do ramo imobiliário que prometia construir um complexo de torres, shopping e hospital num terreno de 72 mil metros quadrados em Osasco, São Paulo. Que, aliás, não saiu do chão – como no caso das escolas que consumiram R$ 20 milhões de recursos públicos e que ficaram famosas a partir da Operação Quadro Negro por também não terem saído do chão.
Como a história estava mal explicada, a Copel teve de retardar a publicação do seu balanço e, ainda, se justificar perante investidores norte-americanos, já que as ações da companhia são negociadas na bolsa de valores de Nova Iorque.
Os investigadores descobriram que a ordem para a aplicação dos recursos partira do então diretor administrativo-financeiro da Uega Erlon Tomasi, que ocupou o cargo de 2011 a 2017 por indicação do ex-governador Beto Richa, que atendeu a um pedido do sogro dele, o conselheiro do Tribunal de Contas Nestor Batista.
A pergunta que não cala: por que a Copel não chamou o Tribunal de Contas para fiscalizar (como é do seu papel) as contas da subsidiária Uega e, em vez disso, preferiu gastar R$ 11,8 milhões com escritórios particulares para tentar recuperar R$ 160 milhões? O investimento da estatal de energia do Paraná nas investigações foi o equivalente a quase 8% do valor desaparecido.

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