Recordar é viver

De Elio Gaspari, em O Globo:

Na sua entrevista ao Roda Viva o deputado Jair Bolsonaro disse o seguinte: “Fui acusado por uma jornalista de ter um plano de botar bombas na Vila Militar. O Superior Tribunal Militar arquivou o processo”.

Não foi bem assim. Em 1986, numa entrevista a uma repórter da revista “Veja”, Bolsonaro e outro oficial falaram em explodir uma bomba na adutora do Guandu, que abastece o Rio de Janeiro. Seriam apenas palavras, mas durante o encontro Bolsonaro fez um desenho primitivo, mostrando um trecho da adutora, o local da bomba, o percurso da fiação e a localização do detonador, com um reloginho.
Bolsonaro defendeu-se apresentando dois exames grafotécnicos inconclusivos. Dois outros, um deles da Polícia Federal, concluíram que a caligrafia era dele. O Conselho de Justificação informou que ele “mentiu durante todo o processo” e considerou-o culpado.
O processo foi ao Superior Tribunal Militar. Em 1988, o empate ocorrido nas perícias deu-lhe o benefício da dúvida e ele foi absolvido por oito votos contra quatro. O capitão Bolsonaro deixou a tropa e foi para a reserva.

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