Presidente de ONG é citada em operação que investiga repasse ao Hospital da Criança de Brasília

A médica Denise Kusztra (na foto, entre o prefeito Ulisses Maia e o deputado Ricardo Barros), presidente da ONG Organização Mundial da Família, que tem sede em Curitiba, foi citada em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Civil do Distrito Federal com autorização da justiça. A operação, deflagrada em agosto passado, apura crime de tráfico de influência.

A ONG que Kusztra preside foi responsável pela construção do Bloco 2 do Hospital da Criança José Alencar e investiga suspeita de interferência externa no processo de liberação de recursos do governo do DF para a obra, inaugurada em julho. O bloco custou R$ 102 milhões aos cofres públicos.
De acordo com Caio Barbieri, do portal Metrópoles, uma mulher com pedidos para acelerar a autorização do uso das verbas para a edificação. A interlocutora não foi identificada, mas os policiais verificaram que o telefone utilizado era de uma linha funcional da Secretaria de Planejamento.
Segundo o inquérito, diz o portal, em uma das interceptações telefônicas obtidas com autorização judicial uma mulher diz que “está precisando da ajuda deles [da Casa Civil] sobre a publicação de um remanejamento orçamentário para ‘pagar a Deise do Bloco 2′”. Pelas transcrições, Abreu ainda questiona se a medida deveria se dar por meio de decreto, mas a pessoa do outro lado da linha cobra agilidade.
Os investigadores identificaram, no Sistema de Consulta Pública de Processos, que o processo da unidade hospitalar tem como responsável a União Nacional de Proteção à Maternidade, Infância e Família (Unapmif), que até o ano passado era presidida pela ex-primeira-dama de Sarandi, Rosária Sekua. A entidade é vinculada à Organização Mundial da Família e, segundo o inquérito, é comandada por Deisi Noeli Weber Kusztra, “provavelmente a Deise” mencionada no diálogo grampeado. No dia seguinte à primeira gravação, o chefe de gabinete recebeu um novo telefonema da mesma interlocutora. Ela solicita publicação “imediata” do processo, pois teria reunião com a beneficiária do recurso e tinha a intenção de entregar pessoalmente a ordem bancária. No inquérito da PCDF, é citado que “causa estranheza a urgência para realização do pagamento, fato que pode ser indicativo de pessoalidade do ato”.
Leia aqui o que o blog já publicou a respeito.

Advertisement
Advertisement