Um ‘sim’ inevitável

Ao comentar pela manhã o então hipotético sim ao convite a Sergio Moro para ministro da Justiça de Bolsonaro, Reinaldo Azevedo já defendia que ele deveria aceitar “porque a sua condição de juiz já está maculada.

“Semanas antes” do primeiro turno, para usar a expressão do general Hamilton Mourão, vice eleito, o juiz se encontrou com Paulo Guedes, quando, então, lhe foi feita a oferta. Depois do encontro, seis dias antes da eleição, o juiz tornou púbica a delação de Antonio Palocci, que tinha como alvo o partido de Fernando Haddad, adversário de Jair Bolsonaro, que havia lhe oferecido os superpoderes”.
Em outro texto, também antes do sim, disse que o presidente eleito ofereceu ao juiz poderes que nenhum outro humano teve no Brasil. “Nem Paulo Guedes, czar da economia, terá tanta influência. Se aceitar, Moro, o Mandarim, terá na palma da mão a vida de qualquer indivíduo da República, incluindo os digníssimos parlamentares. E, por óbvio, todos os juízes. E ainda tem a favor do seu mandarinato a intimidade com os próceres lava-jatistas do Ministério Público federal. Um poder realmente incontrastável. Até Jair Bolsonaro deverá ter cuidado”.
Em outra consideração, concordou que “o capitão reformado sempre foi o preferido da Lava Jato, e a operação, desde o princípio, tinha um viés político escancarado. Foi, à sua maneira, bem-sucedida. Promoveu a razia na classe política; obedeceu as leis com as quais concordava e deixou de lado aquelas que lhe pareciam impróprias; teve suas ações, mesmo as mais deletérias, endossadas por colegiados de juízes e estabeleceu uma relação de parceria e, às vezes, de conivência com a imprensa. E, como na filosofia da personagem Quincas Borba, de Machado de Assis, pode-se dizer: “Ao vencedor, as batatas!” E Moro venceu. Mas e o Judiciário?”

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