Em 2014, Ricardo Barros disse que o município gastou R$ 200 mil com os jogos de vôlei no Chico Neto

Reportagem de 15 de fevereiro de 2014 – o ano em que, segundo o MP, aconteceram os desvios no Copel Telecom Maringá Vôlei (à época, Moda Maringá) -, Adriana Brum, da Gazeta do Povo, assinou a seguinte matéria, intitulada “Caciques da política mexem com o esporte em Maringá”:

Maringá vive uma efervescência esportiva que há tempos não se via. A cidade receberá, nos dias 29 e 30 de maio, dois jogos entre Brasil e Polônia pela Liga Mundial de Vôlei Masculina. Em parte, resultado de o ginásio Chico Neto ter estado sempre lotado durante a Copa do Brasil de Vôlei, em janeiro – tem capacidade para 4,5 mil pessoas. Mas a presença da seleção de Bernardinho só foi assegurada nos bastidores, com a costura política entre representantes da cidade e da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
“Quando a presidência da CBV esteve aqui, pedimos que trouxessem partidas da Liga para cá. Vendemos nosso peixe, mostramos o potencial de Maringá e garantimos os recursos o evento”, conta o ex-prefeito maringaense, ex-deputado federal e atual secretário da Indústria e Comércio do Paraná, Ricardo Barros (PP).
Os valores que o município irá desembolsar para receber as seleções de Brasil e Polônia ainda não estão fechados. Para a Copa do Brasil, que durou cinco dias, com 12 equipes (oito femininas, quatro masculinas), o município bancou R$ 200 mil. “Maringá tem 22% de seus recursos livres para investimentos. Podemos investir no esporte”, justifica Barros.
O Chico Neto faz parte da Vila Olímpica, resultado de R$ 20 milhões em obras que reformaram a pista de atletismo e o velódromo em 2008, onde hoje treina a seleção brasileira de ciclismo de pista. Boa parte do investimento – R$ 16 milhões ou 80% – foi custeado pelo Ministério do Esporte. O restante ficou a cargo da prefeitura.
No caso do vôlei, foi outra costura política que permitiu aos maringaenses voltarem a ter um time disputando um campeonato nacional.
Em julho do ano passado, quando o levantador Ricar­dinho precisava articular, em poucas semanas, uma equipe para jogar a Superliga, a grande dificuldade era garantir um patrocinador. Enquanto ele batia de porta em porta com seu currículo de dono de um ouro olímpico, Barros intercedia junto ao empresariado local, atendendo a um pedido da sogra de Ricardinho, Carmen Panza, uma das assessoras do gabinete do secretário em Maringá.
“Ela se empenhou muito para que se criasse condições para esse time. Só indiquei empresários com potencial para investir. Da mesma forma que, no futebol, a prefeitura apoiou o Metropolitano [atual Maringá], mas o time é que teve o mérito de subir para a Primeira Divisão do Paranaense”, destaca Barros.
A solução para o Moda Ma­ringá foi o apoio do Sindicato da Industria do Vestuário de Maringá (Sindivest), que fechou contrato de patrocínio no valor de R$ 6 milhões.
No caso do Maringá, as benesses foram além: o presidente de honra do clube, o ex-vereador Aparecido Regini, o Zebrão, é assessor do prefeito Roberto Pupin (PP), correligionário de Barros. O time tem um centro de treinamento em terreno cedido pela prefeitura e joga sem custos no estádio Willie Davids.

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