Cida Borghetti anunciou no Facebook que foi “escolhida e aprovada em assembleia geral” embaixadora da Organização Mundial da Família. A informação foi reproduzida em sites de notícia como se a OMF fosse um organismo internacional, quando se trata de uma ONG localizada no Bom Retiro, em Curitiba, e que já foi alvo de denúncias e polêmicas.

A ONG é presidida pela curitibana Deisi Kuzstra, que assinou contrato para receber R$ 124 milhões 200 mil de recursos federais e estaduais para a construção do Hospital Infantil e Centro de Pesquisas de Doenças Raras da Criança, ao lado do antigo Aeroporto Gastão Vidigal, em Maringá. Deste valor, R$ 34,2 milhões são recursos do governo do estado e foram repassados pela própria Cida, no ano passado, quando era governadora. A maior parte do dinheiro para o hospital da OMF é do Ministério da Saúde: R$ 90 milhões, autorizados pelo marido da ex-governadora quando ministro da Saúde.
Até agora, segundo o portal da transparência, a ONG recebeu R$ 74 milhões 180 mil já foram repassados à ONG pela Prefeitura de Maringá à União Nacional das Associações de Proteção à Maternidade, à Infância e à Família e Entidades Sociais Afins, que consta como executa da OMF. A parte da ONG no convênio seria de R$ 4 milhões.
Uma busca na internet mostra que a ONG de Kuztra, que nos anos 90 deixou outro ex-ministro da Saúde em saia justa (leia aqui), é marcada pelo atraso na entrega de obras que acorda com prefeituras e já teve, em 2017, contas reprovadas pelo Tribunal de Contas da União, além de ser citada numa operação da Polícia Civil que investigou repasse supostamente irregular ao Hospital da Criança do Distrito Federal.