Uma nova UDN em meio à reforma

Por Reinaldo Azevedo:

Se vocês querem uma medida da sanidade da tropa que chegou ao poder, basta a informação de que o clã Bolsonaro, os nossos Kennedys, está empenhado na criação de um novo partido: a UDN.

Aqui e ali, com a boa-vontade dos ignorantes, alguns falam em recriação da União Democrática Nacional, que não deixa de ser o retratado na miséria política e intelectual em curso: aqueles que representariam a nova política no Brasil, o neoconservadorismo, pretendem resgatar a marca da velha direita nativa, que só existiu com a configuração que tinha porque havia um Getúlio Vargas. Em seus 20 anos de história, entre 1945 e 1965, a UDN deixou, com efeito, um grande legado para o Brasil: a crise que resultou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e, dez anos depois, no golpe militar.
Quem expressou com mais precisão a metafísica influente na UDN foi o então chefe do Estado Maior do Exército do governo João Goulart, um certo marechal Castelo Branco (foto), primeiro presidente do golpe desfechado em 1964. Referindo-se às lideranças udenistas que iam buscar nos quarteis o que não conseguiam no voto, afirmou: “Eu os identifico a todos. São muitos deles os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao Poder Militar”. Sem o rococó rocambolesco, criticava os vagabundos que iam bater às portas dos quarteis pedindo intervenção militar. Castelo e os outros cederam aos vagabundos. E o resto é história. Leia mais.

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