Foi-se o Moro

O presidente Jair Bolsonaro não precisou de muito tempo para acabar com a biografia do maringaense Sergio Moro. Confira a reação ao mais recente recuo do ministro da Justiça e da Segurança Pública:

Josias de Souza em “Moro está preso numa bolha das redes sociais” – Em dezembro, dias antes de se alistar na tropa ministerial de Jair Bolsonaro, Sergio Moro declarou: “Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico.” Jactava-se de ter recebido do presidente uma “carta branca”. De duas, uma: ou Moro é daltônico ou fez uma opção preferencial pela antoenganação. A carta que recebeu do capitão nada tem de branca.
Ao desnomear a especialista em segurança pública Ilona Szabó um dia depois de tê-la acomodado numa suplência do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Moro ficou em situação muito parecida com a de uma personagem de ficção criada pelo escritor gaúcho —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho.
Consternados, os familiares da mulher da literatura esforçavam-se para que ela não percebesse o próprio encolhimento. Rebaixavam os móveis, serravam os pés de mesas e cadeiras. Inclementes, Bolsonaro e seu clã fazem o oposto. Rebaixam Moro à vista de todo mundo sem adaptar a mobília. Leia mais.

De Bernardo Mello Franco em “Moro encolheu a própria cadeira” – Ao revogar a nomeação de Ilona Szabó, o ministro Sergio Moro deu mais um passo para encolher a própria cadeira. Sua autoridade foi insuficiente para bancar uma única escolha num conselho de 26 integrantes. O ministro já havia se curvado ao chefe na discussão do decreto das armas.

De Reinaldo Azevedo em “Sergio Moro quer ser o chefe de Bolsonaro” – O Partido da Polícia (Papol) arreganha os dentes. É composto por setores do Ministério Público, da PF, do Judiciário e, agora se sabe, da Receita Federal. E já ameaça abocanhar o calcanhar de Jair Bolsonaro. Fiquem atentos! Os eventos deletérios já estão em curso, e a reforma da Previdência, vital para a sobrevivência política do presidente, também é território de luta.
Sergio Moro quer o poder total. Será que o Messias, que não é de todo desprovido do dom da profecia, está disposto a resistir? Basta que tenha nomeado para o Ministério da Justiça alguém indemissível “ad nutum”, se me permitem a graça. Afinal, Moro fica até quando quiser; uma só vontade é suficiente para isso: a sua. O ex-juiz está empenhado agora em fazer o nome que vai substituir Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República em setembro. Compõem a sua lista pessoal José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), e Deltan Dallagnol, dublê de procurador, coordenador da Lava Jato e youtuber. Leia mais.

(Foto: Wilson Dias/Abr)
Advertisement
Advertisement