Márcia Tiburi diz que decidiu deixar o país quando esteve em Maringá

A escritora, filósofa e ativista Márcia Tiburi não reside mais no Brasil desde dezembro do ano passado, informa Nina Lemos no Universa. E a decisão de deixar o Brasil foi tomada em Maringá, quando participou da Festa Literária Internacional (Flim). Na entrevista em que ela fala do morte e das ameças, Tiburi cita o MBL.

“Eu não podia ir a uma padaria, recebia ameaças de morte, não dava para viver assim”, diz a escritora, em entrevista exclusiva para o blog de Pittsburgh, onde faz uma residência literária. Na semana seguinte, mudaria com o marido para Paris. Leia as duas perguntas em que ela se refere a Maringá:

Quando você percebeu que era melhor sair do país?
Teve um momento em que o MBL fez uma página sobre um evento que eu ia fazer em Maringá, chamando pra uma manifestação. Queriam até proibir o evento. E foi muita gente lá para me apoiar em reação. Nesse dia estava todo mundo tão assustado que os organizadores providenciaram uma segurança armada, que revistou todas as mochilas e bolsas de todas as pessoas. Como que eu como escritora, vou viver em um lugar onde tem milícias midiáticas, milícias armadas, milícias da maledicência me atacando, e também atacando o conforto e a segurança dos meus leitores?

Como você materializou essa decisão?
Foi quando eu fui a Maringá e isso acontece. Achei que tinha se tornado inviável ser uma escritora no Brasil. Eu sou ameaçada, mas as pessoas também são. A vida da cultura se torna inviável porque as pessoas prometem assassinato. Isso é dado desde o Presidente da República e chega a todos. Isso autoriza as pessoas no imaginário. Tem uma fala da Meryl Streep interessante, num momento desses em que o Trump debocha de um jornalista que tem uma deficiência física, ela disse: “acho um absurdo o presidente fazer isso porque autoriza esse tipo de postura”. O Bolsonaro e seus filhos fazem coisas parecidas. Eles autorizam todos a fazerem coisas horríveis. Leia na íntegra.

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