Poder público versus fake news

Por Mário Hossokawa:

Estamos prestes a completar dois meses do início do período legislativo de 2019 na Câmara de Maringá. Há muito a destacar sobre os trabalhos envolvendo os 15 vereadores eleitos democraticamente. A imprensa, aliás, tem nos ajudado diariamente com a divulgação das notícias relacionadas ao Poder Legislativo municipal. Mas, infelizmente, devemos lamentar algo que tem enganado uma boa parte da população graças a um trabalho quase que profissional da desinformação: as chamadas fake news.

Acompanhamos o surgimento deste fenômeno há alguns anos, especialmente durante a campanha eleitoral dos Estados Unidos que elegeu Donald Trump. Aqui no Brasil, a disputa presidencial extremamente bilateral e envolvendo brigas da esquerda (PT) e da direita (Bolsonaro) estimulou uma verdadeira indústria de notícias falsas, o que em nada ajuda na democracia, no direito pleno do voto e na escolha coerente de candidatos para os mais diferentes cargos políticos.
Recentemente, a Câmara Municipal de Maringá, da qual tenho orgulho de fazer parte como vereador e presidente da Mesa Diretiva, foi vítima das fake news. Uma semana antes do feriado de Carnaval, plantaram em grupos de WhatsApp e redes sociais a informação de que votaríamos aumento no número de vereadores enquanto muitos estariam aproveitando para se divertir ou descansar durante a mais tradicional festa do País.
O responsável por essas mentiras deve ser punido, inclusive há alguns vereadores estudando acionar a Justiça para que medidas cabíveis sejam tomadas. Não custa lembrar que um projeto de emenda à Lei Orgânica tem trâmite que dura cerca de 30 dias e não poderia ser votado assim, de um dia para o outro, na calada da noite ou durante um feriado prolongado.
Além disso, um projeto como este, antes de ser votado, deve ter a assinatura de 1/3 dos vereadores (no caso, 5 vereadores), para então ser lido no Plenário e ainda publicado em Diário Oficial. O trâmite legislativo não para por aí: o projeto deve ter parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, então, abre-se um prazo de 20 dias para a apresentação de emendas à proposta de lei. Finalmente, depois disso tudo, o projeto chega à sessão ordinária para ser discutida em dois turnos, com intervalo de dez dias entre elas, e ainda precisando de 2/3 dos votos (no caso, voto de 10 vereadores) para ser aprovado e então virar lei municipal.
A seriedade com que o Poder Legislativo tem tratado as demandas municipais, estas sim merecem destaque, o que, obviamente, para as pessoas que agem com má-fé, em nada interessa a divulgação. No curto período legislativo deste ano, o caso relatado acima não foi o único em que vereadores são atacados com calúnias e inverdades. Isso não é motivo, porém, para deixarmos de lutar pela verdade e pelo compromisso absoluto em realizar um trabalho digno como vereador, fiscalizando o Poder Executivo, propondo melhorias constantes para Maringá e, consequentemente, estimulando a criação de uma cidade cada vez melhor para se viver.
O mais problemático nas histórias envolvendo as fake news é que, muitas vezes, descobrimos os autores e nos surpreendemos com a desfaçatez que leva a necessidade ensandecida pelo poder a qualquer custo. Eles, os fabricantes de fake news, usam e abusam de milhares de pessoas que usam as redes sociais e WhatsApp como fontes de informação. O poder público não deve se abater. Por isso, eu e os demais vereadores de Maringá estamos sempre atentos, lutando contra a mentira e contra pessoas que, infelizmente, acham que podem conquistar tudo sozinhos por meio do sensacionalismo, manobras e posando como “donos absolutos da verdade”. Eles cairão. A Câmara de Maringá, não.
_________
(*) Presidente da Câmara de Maringá. Artigo publicado na edição de hoje do jornal O Diário do Norte do Paraná.

Advertisement
Advertisement