Meu pai tinha um amigo…

…que era amigo de um amigo de meu pai. Seu Dozinho, como era conhecido, meu pai, voltou ao Plano Espiritual em 2009, pouco antes de completar 80 anos na atual existência. Foi, quando encarnado, dessas pessoas honestas, de palavra, do tempo que o fio do bigode valia como contrato.

Quando Lula disse que não havia uma Alma mais honesta que ele, lembrei de Meu Pai. Era tão honesto que às vezes chegava ser ingênuo. Certa vez ao ser parado numa blitz, com seu Jeep, daqueles antigos, disse que o único problema que tinha era um farol queimado. Fazia compra e venda de animais e costumava dizer que uma vez, ao vender um cavalo quase cego de um olho, disse para o comprador: ‘se tiver defeito tá na vista’.
Semi-analfabeto, achava que os filhos não precisam estudar, que bastava fazer até o quarto ano primário, que tinha que trabalhar. Agradeço a minha mâe, que o contrariando me inscreveu no ‘exame de admissão’, uma espécie de vestibular para entrar no ginásio, no meu tempo, e depois que terminei os quatro anos me mandou para Mandaguaçu morar com meus avós, para fazer o ‘curso de comércio’, que alguns chamavam de contador, mas que era técnico em contabilidade, e graçaa a isso, fiz concurso e passei no Banco do Brasil, senão ‘estaria na roça’.
Meu pai era baiano, como Emílio Odebrech, e tinha muitos amigos, que nunca precisou corromper. Ensinou-nos a todos, filhos, a serem honestos. Minha mãe completou 90 anos, firme e forte (não tanto) como diria Cida, e a eles agradeço por ser o que sou.
Akino Maringá, colaborador

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