Recordações

Somos o nosso próprio passado. Dormem soterradas nos tenebrosos porões do inconsciente as razões das nossas angústias de hoje, tanto quanto estão em nós as conquistas positivas, que lutam por consolidar-¬se na complexidade da nossa psicologia, tentando suplantar os apelos negativos que insistem em infelicitar-nos.

Estamos a caminho da redenção quando damos apoio consciente às tendências do bem em nós, quando estimulamos, com as nossas lágrimas, e cultivamos, com amor e sofrimento, as sementeiras da paz. Se, ao contrário, nos deixamos dominar pelas sombras que trazemos no íntimo, paramos no tempo, enquanto se aprofundam em nós as raízes do desequilíbrio, no terreno fértil das paixões que julgamos tragicamente indomáveis, quando são, simplesmente, indomadas. É preciso saber que cabe a nós — e a ninguém mais — domá- ¬las; mas, enquanto nos apraz o erro, todo o nosso esforço é posto na tarefa inglória de manter soltas as paixões, e presas as recordações.(…)
A dor dos grandes criminosos é terrível, comovedora, trágica, desesperada, nesses momentos dramáticos em que o Espírito se acha completamente aturdido ante a enormidade de seus erros. Para abrir diante dele uma janela sobre si mesmo, a chave mais importante de que dispõe o doutrinador consiste em levá-¬lo a contemplar seu próprio passado, fortemente protegido pelos mecanismos do esquecimento deliberado. Talvez por isso escreveu Sholem Asch, na abertura de “O Nazareno”: “Não o poder de recordar, e sim o poder de esquecer, constitui uma das condições necessárias à nossa existência.
Que este texto de Hermínio C. Miranda, sirva para uma reflexão profunda de todos nós. Que não devemos ficar remoendo o passado, sobretudo se ele nos condena. Fonte aqui.
Akino Maringá, colaborador

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