Língua de Bolsonaro tornou-se
líder da oposição

Por Josias de Souza:

A língua de Jair Bolsonaro ganhou vida própria. Aventura-se no ramo da magia. Ela fala dez vezes antes que o presidente consiga pensar. A cada nova frase retira um gambá da cartola.

Os truques causam danos insondáveis. De raro em raro, o presidente consegue farejar o mau cheiro. Às vezes, manda a assessoria corrigir as maluquices. Mas o Planalto está sempre um passo atrás da própria língua, que se sente à vontade para produzir crises em série.
“Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”, disse ela, a língua, envergonhando o presidente e o país numa mesa em que os garçons do Planalto serviam a jornalistas estrangeiros guloseimas num café da manhã. Um desjejum custeado pelos brasileiros dos quais o fisco arranca tudo a força, e depois chama de contribuintes.
“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão”, declarou a língua. O ponto é de partida, não final, pois há um ponto fraco na tese: os dados do Inpe informam que o desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho. Superou toda a taxa registrada no mesmo mês no ano passado. Servindo-se dos lábios de Bolsonaro, a língua propagou uma versão mentirosa sobre a realidade ambiental do país. Leia mais.

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