Maringaense é tão bonzinho: quando o enganaram, ninguém chiou

Na campanha eleitoral de 2016 Ulisses Maia passou a ganhar projeção com seus 40 segundos de televisão a partir do momento que mostrou que por trás da cerca erguida para a construção do terminal intermodal urbano não havia nenhuma obra.

A população maringaense ficou sabendo que, apesar da licitação para a construção da obra – vencida, vejam só, pelo sócio do então prefeito Carlos Roberto Pupin -, só haviam três placas e a cerca metálica. Por conta de problemas geológicos, tudo ficou parado – mas o povo só teve acesso a essa informação no final da campanha eleitoral. A administração do PP não queria dar chance ao azar e, por isso, temendo reação popular, dizia que ali havia a construção de um terminal, o que se costuma chamar de mentira. O terminal foi anunciado pelo PP em 2014, na metade do mandato de Pupin.
A foto acima é do dia 10 de agosto e uma das placas informa que a obra havia começado em julho e seria entregue em janeiro de 2018. Só que não existia obra, só cerca e placas. Afinal, era semestre de eleição municipal, era preciso dar a impressão de que havia uma grande obra em andamento.
O terminal gerou uma CPI na Câmara de Maringá em 2017, que constatou o engodo e um prejuízo de pelo menos R$ 1 milhão. Houve, portanto, justificativa para que a obra atrasasse, diante das irregularidades apontadas pelo relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito.
Na entrevista ao jornal Maringá News, o prefeito Ulisses Maia repetiu o que vem dizendo quando perguntado sobre o assunto terminal: “Por que eles não conseguiram começar o terminal? Problema de projeto; o que foi feito não podia ser executado. Nós tivemos que corrigir muita coisa errada, como o do terminal. A obra começou no nosso mandato e vai terminar no nosso mandato. Às vezes tem algumas pessoas querendo dizer que já tinham iniciado a obra, mas nem tinha como começar, porque tinha um erro grave no projeto, que eles descobriram em junho do ano da eleição [2016] e omitiram, ficou sem fazer”. A relação de obras encrencadas traz também o Parque Cidade Industrial. Ele também passou por problemas, “e resolvemos a questão da água, da energia, e hoje tem empresas construindo lá, o que era proibido quando assumimos”, diz Ulisses. O parque também foi objeto de CPI no Legislativo por conta dos erros.
Amanhã, um suposto grupo de comerciantes da região anuncia na internet um protesto contra o atraso. A ser verdade, o grupo errou feio o alvo. O responsável pelo atraso, dizem, será candidato a prefeito no ano que vem, desta vez pelo PTB. Contra o fato de o ex-prefeito ter escondido os problemas do terminal que estava sendo construído pelo seu sócio, o que provocou o atraso, ninguém vai protestar?
No vídeo abaixo, da campanha de 2016, Ulisses fala sobre a retomada da obra do terminal, que havia sido abandonada pela gestão do PP.

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