Honrar as calças ou as togas?

Usando mensagens roubadas dos telefones de procuradores, com supostas referências pouco elogiosas a alguns ministros do STF, o ministro Gilmar Mendes disse uma frase que parece machista: ‘Temos que honrar as calças que vestimos’…

Fiquei pensando, pensando… se seria melhor dizer: ‘Temos que honrar as togas’, até porque quando se fala em calças, talvez esteja discriminando as ministras Carmén Lúcia, e Rosa Weber, que não vestem calças, salvo engano (‘pelo menos cumpridas’) durante os julgamentos, ao que se sabe e a expressão não se refere a outra peça mais íntima das mulheres, geralmente usada do diminutivo.
Espera-se que os ministros honrem as togas que era uma peça de vestuário característica da Roma Antiga. Trata-se de uma peça de roupa de origem etrusca. De início, a toga apresentava uma forma retangular e curta. Mais tarde, passou a ser semicircular, tendo seu tamanho aumentado consideravelmente: a toga chegou a atingir aproximadamente 6 metros no lado reto e 2 metros de largura. Por isso, era difícil de usar, pelo que os romanos mais ricos possuíam mesmo um escravo encarregado de ajudar nesta tarefa (o uestiplicus). A toga era a marca distintiva do cidadão romano, sendo proibido o seu uso aos estrangeiros e escravos. As mulheres romanas também utilizaram a toga, mas gradualmente adotaram a estola (uma espécie de vestido); a partir da época da República a toga passou a ser usada apenas pelas mulheres condenadas por adultério. (fonte Wikipédia)
Já, segundo o site Migalhas, o Judiciário é cheio de liturgias. Faz parte de seu modo de ser o uso da toga para os atos formais. Nos julgamentos é obrigatório o seu uso pelos magistrados. Mesmo os advogados, para dirigirem-se à Corte, devem usar becas. Enfim, há um protocolo a ser seguido. O símbolo carrega um valor. O ritual é expressão de um valor. Não um fim em si mesmo.
Aquele que enverga a toga representa a Justiça. A ideia abstrata que mora em nosso imaginário coletivo precisa de uma representação humana. A toga faz a transição entre o homem e o ideal. Usar a toga é tomar parte da comunidade daqueles que devem dizer o que é justo. (…)
Akino Maringá, colaborador

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