Vice-presidente da CPMI das Fake News, Ricardo Barros aceita ser um dos vice-líderes de Bolsonaro

Uma notícia publicada nesta manhã na Gazeta do Povo deixou muita gente com a pulga atrás da orelha.

Afinal de contas, por que Ricardo Barros insistiu – até, aparentemente, conseguir – estar novamente grudado nas tetas do governo federal, ainda mais de seu ex-companheiro de PP, Jair Bolsonaro, com quem nunca teve muito contato?

Barros procura o guarda-chuvas do governo bolsonariano para, a exemplo dos filhos do presidente da República, possivelmente para escapar das garras da lei. O presidente da República, como se vê, faz tudo pelos filhos envolvidos com fake news, rachadinha e bobagens diversas. Barros está tão enrolado como eles.

Aliás, Barros conseguiu ser eleito no dia 23 vice-presidente da CMPI das Fake News, que todos apostam pegaria Carluxo – o filho vereador de Bolsonaro que coincidentemente passou alguns dias em Maringá, semanas atrás. Teria ele vindo conversar pessoalmente com Barros?

Dias atrás, pouco antes de ter o mandato cassado pelo TRE-PR, o parlamentar falava que deixaria a política, e agora muda o discurso. Problemas com a Receita Federal teriam motivado a mudança.

Há menos de um mês, o deputado teve o mandato cassado pelo TRE-PR

O que o deputado federal maringaense teria prometido em troca de um dos dez cargos de vice-líderes, que já haviam sido indicados no início do governo, depois de Bolsonaro ter descartado duas indicações de Ricardo para o ministério: ele próprio, claro, e seu xará Ricardo Soavinski, hoje devidamente encaixado no governo goiano?

O que Ricardo Barros oferecerá, ao que tudo indica, é a sabujice que ofereceu a Fernando Henrique Cardoso, de quem se tornou vice-líder depois de ser um dos poucos parlamentares do PFL a votar contra a reeleição, proposta de FHC; a mesma que ofereceu a Lula, depois de criticá-lo severamente mas ter, por motivos não explicados, votado a favor da mudança na Previdência, em 2007; e de Dilma Rousseff, esta mais perdida que cachorro que caiu de mudança, mas que virou amiga do camaleônico político local, ex-ministro de Temer, que atende aos superiores quando também é atendido em solicitações inusitadas, para não dizer suspeitas, como o Contorno Norte, o Contorno Sul Metropolitano e o Hospital da Criança.

Ricardo Barros começou o ano sendo denunciado pelo Ministério Público Federal por fraude em compra de medicamentos, quando era ministro da Saúde de Michel Temer.

Depois lançou-se candidato a presidente da Câmara Federal, recebendo um total de 4 votos. Recorde-se que a bancada paranaense tem 30 deputados.

Há menos de um mês, Barros foi escolhido vice-presidente da CPMI das Fake News, onde um dos filhos do presidente já foi citado diversas vezes

Ao ver que o presidente, graças à amizade costurada com Dias Toffoli, a quem detonava na campanha eleitoral, conseguiu suspender investigação do MP contra um de seus filhos, suspeito de ficar com o dinheiro de seus assessores, Ricardo Barros não pestanejou. Insistiu até conseguir. À tarde o PP teria concordado que seu tesoureiro-geral, que passou incólume apesar do cargo nos escândalos do mensalão e do petrolão, se torne um dos vice-líderes de Bolsonaro.

Para o presidente, mais uma carga de energia negativa para receber, de aliados e de eleitores. Barros não é unanimidade no PSL e até agora era um dos alvos prediletos do chamado gado, nome genérico dado aos eleitores bolsonarianos, principalmente quando foi relator e defendeu a lei do abuso de autoridade.

Em março, alvo do MPPR

O que Jair Bolsonaro teria a ganhar com Barros, essa é a resposta que o pessoal aguarda. Além da ação do MPF, o Ministério Público Estadual tascou este ano duas ações civis públicas contra Barros, que recentemente teve seu mandato cassado pelo TRE do Paraná por realizar ato eleitoral ilícito em Barbosa Ferraz, na campanha de 2018.

Ele também foi denunciado por manipular licitação na gestão do irmão mais velho

Confirma-se, cada vez mais, que a nova política prometida por Bolsonaro é pior do que a velha política – com direito a desfaçatez.

A confirmação deverá ser publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira. Bolsonaro, a confirmar-se a nomeação, deixará mais uma vez em situação humilhante seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, maringaense como Barros, e que decepcionou-se com a posição do ex-capo local em relação ao abuso de autoridade.

Em caso positivo, o deputado só fará confirmar seu apelido de leitão vesgo.

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