Em grupo de WhatsApp, empresário diz que vai financiar atos

De Vera Magalhães, no BR Político:

Um grupo de WhatsApp criado em setembro de 2018 e batizado de “Mkt Bolsonaro” está sendo usado para a discussão dos atos convocados para o próximo dia 15 de março em defesa do governo Jair Bolsonaro e contra o Congresso.

O grupo conta com a participação de empresários, investidores do mercado financeiro, blogueiros de sites bolsonaristas, comentaristas políticos e até um integrante do governo, o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa.

O investidor Otavio Fakhoury (foto), financiador do site Crítica Nacional, e o editor do mesmo site, Paulo Enéas, fazem parte do grupo Mkt Bolsonaro. No último dia 21, antes, portanto, da divulgação, por parte do presidente, de vídeos convocando as pessoas para as manifestações de 15 de março, Fakhoury bateu boca com a representante do Vem pra Rua no grupo, pelo fato de o movimento não declarar apoio aos protestos. E anunciou que pretende “ajudar a pagar o máximo de caminhões que puder” para os atos. “Convocarei todos que eu conhecer”, afirmou.

Na discussão, o investidor ainda emendou: “Não vou deixar esses canalhas derrubarem esse governo”.

Antes de Fakhoury anunciar que pretende financiar a infraestrutura do ato pró-governo e anti-Congresso, a representante do Vem pra Rua tenta argumentar que o grupo não apoia algumas manifestações de Bolsonaro, como o caso envolvendo seu filho Flávio e a criação do juiz de garantias. “O Vem pra Rua não pauta a rua, ele dá voz à rua”, diz ela.

Fakhoury responde, irritado: “Quando era o PT roubando os cofres públicos e comprando o Congresso com petrolão, mensalão etc. esses energúmenos não viam nada de autoritário… Agora é que eles veem? Aah, me poupem. Canalhas!” E segue: “Tenho informações de lá de BSB (Brasília). Temos que todos irmos pra rua o quanto antes. VPR não quer ir beleza, no surprise”.

Otavio Fakhoury não é um personagem novo na tropa de choque bolsonarista. Ele apareceu na extensa reportagem da revista Crusoé de outubro de 2019 intitulada “Os blogueiros de crachá“. Ali já eram reveladas conversas em grupos de WhatsApp bolsonaristas dos quais participavam assessores de gabinetes de parlamentares do PSL e palacianos, como Filipe Martins.

A reportagem mostrava como ele organizou um encontro secreto em abril daquele ano num hotel em São Paulo para, nas suas palavras (o áudio estava na reportagem), “planejamento de guerra”. Filipe Martins participou do encontro. De acordo com Fakhoury, a ideia era transformar o hotel numa central de conspiração, e a imprensa não poderia saber. Leia mais.

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