Quem fica rico na vida pública é ladrão

Os representantes do povo estão cada vez mais ricos. Seria por conta do furto bem sucedido?

Do vereador ao presidente da República, passando por deputados estaduais, federais, senadores e governadores, somente se enriquecem na política os que roubam. É que os subsídios recebidos dignamente não implicam em fortuna.
– Mas os representantes do povo estão cada vez mais ricos – comentam alguns.
– Ricos? Então é por conta do furto bem sucedido.

Atualmente, as rachadinhas, os retornos via servidores fantasmas ou a apropriação de verbas de assistência social, valendo- se de nomes pesquisados em diários oficiais remotos ficaram para segundo plano. O sucesso está mesmo é no crescente “avanço em verbas públicas ” preconizado pelo arquiteto do orçamento secreto, o ” patriota” deputado federal Arthur Lira. No momento, ele está preocupado em cassar o mandato, do também deputado Glauber Braga por meio do Conselho de Ética, por haver denunciado quatro fazendas do presidente da Câmara dos Deputados sem a declaração à Justiça Eleitoral.Mas o que é isso perto do imenso patrimônio acumulado pelo poderoso reclamante, abrangendo 20.039,51 hectares?

E o avanço em verbas públicas como ficou neste 2024? Nada menos que 44.067 bilhões do orçamento da União sem critérios técnicos.

A propósito, estão surgindo denúncias em volume cada vez maior, envolvendo usuários externos que contribuíram para ocultar os nomes dos parlamentares envolvidos no ” orçamento secreto”, mas que se fizeram parceiros de superfaturamento na compra de tratores, ônibus escolares, caminhões de lixo, um sem-número de ambulâncias e outras aquisições correlatas.

Na atualidade, proliferam as emendas Pix, sem a obrigatoriedade de prestação de contas quanto ao destino dos recursos. ” São verdadeiros cheques em branco”-havia preconizado a ex-ministra do STF, Rosa Weber.

Será que você consegue lembrar- se do ex-deputado federal Geddel Vieira Lima da Bahia, surpreendido que foi com 50 milhões de reais em espécie acumulados em apartamento ligado a ele? O parlamentar havia sido condenado a 14 anos e dez meses de prisão em regime fechado. Fechou aliança com o PT e o ministro Fachin do STF concedeu liberdade a ele. Fora da cadeia, fez seu o famoso brado de Zagalo: “vocês vão ter que me engolir” e é hoje ministro-chefe de Secretaria do Governo.

Sabem de uma coisa? A verdade, amigos, é que a polarização reinante está fazendo mal ao Brasil. Costuma-se apostar muito na convicção de que o povo tem memória curta. Nas eleições que se avizinham, por amor aos nossos descendentes e à nossa pátria, votemos conscientemente. As lideranças nacionais enriquecidas e que fazem dos mandatos nichos de enriquecimento são
geralmente as mesmas de sempre e que começaram um dia pelas Câmaras Municipais.

Não nos esqueçamos dos nomes deles e os acompanhemos durante os exercícios dos respectivos mandatos. Uma pátria melhor passa fatalmente por uma nova classe política sensata, justa e capaz de amar e respeitar o nosso povo que não mais consegue acreditar na lealdade dos nossos representantes.
Sim. O Brasil tem jeito.


(*) Tadeu França, ex-deputado federal constituinte