Ateu, graças a Deus!
Por padre Júlio Antonio da Silva:
Há vários anos, tive a graça de acompanhar os últimos dias de uma ilustre professora da Universidade Estadual de Maringá. Declaradamente atéia e marcadamente anti-religiosa. Combatia abertamente a todos os religiosos e a todas as manifestações religiosas, sobretudo à incipiente Pastoral Universitária que nascia no campus da nossa UEM. Dela recordo traços de um caráter muito forte. Uma personalidade invejável. Muito sincera consigo mesma. Pesquisadora de primeira grandeza. E muito empenhada na busca do seu eu pessoal. Além disso, militava em um dos partidos comunistas de nossa cidade.
Um belo dia, sabendo que eu assessorava a pastoral universitária, a ilustre professora procurou-me para uma conversa. Abriu seu coração. Relatou-me suas inquietudes em busca do sentido da vida. Narrou-me, detalhadamente, as razões de sua postura atéia. Disse-me que era mais fácil viver como se Deus não existisse porque Ele a questionava na sua autosufuciência. Dizia-me que para suas convicções existenciais era mais fácil viver sem um Deus e longe dele. Sua essência causava-lhe conflitos existenciais terríveis. A minha amiga professora queria ser deus. E, no fundo da alma, ela tinha ciúmes da onipotência, da onipresença e da onisciência divinas. Na íntegra.