
De Jorge Villalobos:
Se as primeiras rodoviárias haviam recebido as levas de migrantes gaúchos, catarinenses, paulistas, mineiros e estrangeiros que vieram colonizar a região, pela Estação Rodoviária Américo Dias Ferraz passaram os filhos destes pioneiros, que partiram para estudar na capital. Foi esta cobertura em abóbada de berço que recebeu os primeiros estudantes paulistas, mineiros e gaúchos atraídos pela qualidade do ensino da Universidade Estadual de Maringá. Foi também sob este portal com seu sugestivo luminoso de boas-vindas que passaram os exilados da zona rural, que vieram fazer crescer esta cidade, expulsos pela erradicação do café que sucedeu a geada negra e o grande incêndio de 1975, pela expansão das pastagens e introdução da mecanização agrícola da soja. Pode ter sido por esta estação que boa parte dos novos migrantes partiu em direção ao Mato Grosso e outros estados do norte do Brasil, na eterna busca do sempre novo Eldorado.
A originalidade do projeto é dada pela estrutura que suporta o trecho da marquise sobre as entradas das duas fachadas do saguão. O engenheiro Gubert utilizou o princípio estrutural das pontes de concreto, onde a via carroçável é atirantada em arcos, para obter um vão livre superior a 25 metros. Este vão, ainda hoje insuperado por obras de arquitetura na região, é cortado por duas juntas de dilatação, prevenindo a fadiga da estrutura pela ação da variação da temperatura.
A leveza da fina laje da marquise permitiu uma estrutura esbelta que apóia ainda uma casca em concreto armado. Esta casca serve de contraventamento da fachada, proporcionando acabamento à cobertura metálica do saguão.
(Fotos: Viação Garcia/Kenji Ueta)