Em 1962, ano da inauguração da Estação Rodoviária Municipal de Maringá, o Brasil fervilhava com o milagre econômico do qual a nova capital, Brasília, é o marco mais expressivo. Com o slogan de “50 anos em 5”, Juscelino Kubitschek propunha a colonização do interior e uma aceleraçao do crescimento econômico do país. Esta década é marcada também pelo início da ditadura, em 1964, e pela instituição do AI-5, em 1968, suprimindo as liberdades individuais.
A construção da rodoviária, com o projeto do engenheiro Gelson E. Gubert, iniciada durante a gestão de Américo Dias Ferraz que lhe dá nome, foi concluída por João Paulino Vieira Filho. Em 1984, o edifício sofreu uma reforma que cobriu o pátio de manobras em frente às duas fachadas, revestindo as marquises com lambris metálicos e escondendo a beleza estrutural dos arcos. Estes arcos, que sustentam a casca da cobertura e conferem um vão de 25 metros à laje de concreto da entrada do saguão, eram o portal da cidade que acolhia viajantes de ônibus e de trem. O projeto da estrutura metálica sobre os pátios foi elaborado pelo engenheiro Ubiratan Claudino Soares, durante a gestão de João Paulino Vieira Filho e ruiu por conta da falta de manutenção.
Oficialmente, esta rodoviária é a segunda da cidade. A primeira foi um simples telheiro de quatro águas, sustentado por oito colunas de tijolos, situado na praça Napoleão Moreira da Silva (Santos, 1975). Apesar da sua rusticidade e simplicidade, é a imagem do telheiro que está associada à busca do eldorado no interior do estado. É esta cobertura singela a que emoldurou a primeira impressão dos pioneiros sobre o lamaçal ou sobre a terra poeirenta onde eles iriam plantar o sonho de uma vida melhor. Infelizmente, esta edificação não foi conservada.
Valter Tadeu Dubiela