A história do bispo bilionário e a sua Igreja Universal revelada em livro-reportagem
Por Inácio França, no Marco Zero:
Não foi a intenção do autor e não está escrito em nenhuma das 382 páginas do livro, mas o relato do jornalista Gilberto Nascimento em O Reino – A história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal ajuda a desmentir a tese disseminada pelas redes sociais de que o crescimento dos evangélicos nas periferias só acontece porque “a esquerda teria abandonado o trabalho de base”.
Em sua minuciosa reportagem, enriquecida com um exaustivo trabalho de pesquisa, Nascimento conta a trajetória que levou um jovem interiorano de uma família remediada a tornar-se o bilionário bispo e empresário Edir Macedo. Para enriquecer e fazer sua igreja crescer, Macedo – assim como os demais líderes evangélicos – ocupou o vácuo deixado na periferia. Esse vazio, no entanto, não era dos partidos de esquerda, mas sim da Igreja Católica Apostólica Romana.
A intensa atividade dos templos evangélicos, com cultos, vigílias e jornadas a toda hora, contrastava – e ainda contrasta – com as capelas católicas fechadas, ao mesmo tempo em que os párocos, ricamente paramentados e de fala empolada, celebravam casamentos para milionários nas igrejas matrizes. Enquanto isso, em paletós surrados pastores evangélicos prometiam o paraíso na terra em troca de dinheiro.
O livro mostra como, sem rodeios e sem latim, Edir Macedo manipula os textos bíblicos a seu modo para oferecer aos fiéis uma relação comercial com um Deus disposto a aceitar sócios minoritários em seu reino na Terra. Algo mais fácil de entender e de convencer que uma homilia sobre a vida eterna no céu. Leia mais.