Nossa violência de cada dia
Do padre Orivaldo Robles:
“Quando eu era criança pequena”, não lá em Barbacena, mas no Estado de São Paulo, ouvia contar maldades atribuídas a Dioguinho, Lino Catarino ou Aníbal Vieira, o Lampião paulista, que sobreviveram no ideário popular como desafiadores da lei e da ordem. Lei e ordem que, na sua época, não deviam ser grande coisa. No sertão de Rio Preto, Triângulo Mineiro ou Mato Grosso do Sul, no início do século passado, viver era quase ter a espada de Dâmocles sobre a cabeça. Pouca gente, muito mato, fazendas se abrindo, estradas e comunicações rudimentares… – o que não faltava eram arruaceiros e matadores. Claro que o povo exagera quando conta seus causos. Para Menotti del Picchia, “cada ‘valentão’ se multiplica, cataliza façanhas alheias, deforma-se sentimentalmente a tomar atitudes vingadoras de cavaleiro andante e a enriquecer-se com o halo quixotesco de façanhas inidentificáveis”. Nem sempre dá para separar a história da lenda. Contudo, é certo que houve homens ignorantes, violentos, para quem matar não produzia desconforto nem remorso. Julgavam-se acima do bem e do mal. Não conheciam outra lei senão a própria vontade, que impunham à força.Continue lendo ›
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