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Quem dera, um dia, as fronteiras
fossem elos nos unindo,
e houvesse, em vez de barreiras,
somente a placa: – Bem-vindo!
a. a. de assis

 Vestem-se as águas de prata,
saltam no espaço vazio.
Findo o show da catarata,
sereno refaz-se o rio... 
A.A. de Assis

Ó Deus, que nos deste a flor,
e as crianças e as estrelas,
dá-nos agora, Senhor,
a graça de merecê-las! 
A. A. de Assis

 Jogado no mundo, ao léu,
rezava o orfãozinho assim:
- Cuida bem, Papai do Céu,
dos que não cuidam de mim! 
A. A. de Assis

 Trabalhas tanto, formiga,
enquanto, ó cigarra, cantas.
No entanto, basta de intriga:
- são duas tarefas santas! 
A. A. de Assis

Importa pouco a mobília,
importa pouco a fachada...
O amor que envolve a família
é só o que importa, e mais nada! 
A. A. de Assis

 Belo sonho o que aproxima
estrelas e pirilampos...
- Elas são eles lá em cima;
eles são elas nos campos! 
A. A. de Assis

O fruto é um santo produto
do mais generoso amor.
Por isso é que antes de fruto
quis Deus que ele fosse flor. 
A. A. de Assis

Palavras produzem fartas
e tão belas construções:
com elas fez Paulo as Cartas,
fez os seus versos Camões! 
A. A. de Assis

 Ah, meu rio, de repente,
o que foi feito de nós?
Ficou tão longe a nascente...
vemos tão próxima a foz! 
A. A. de Assis

 São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó! 
A.A. de Assis

 Prometi-lhe, amada minha,
mil estrelas, as mais belas.
Bobagem... você sozinha
brilha mais que todas elas! 
A. A. de Assis

 Trouxe um cheque de esperança
ao nascer para este mundo...
Resolvi pô-lo em cobrança:
- O cheque não tinha fundo! 
A. A. de Assis

 Que sentença a mãe de Judas,
se o julgasse, lhe daria?...
- Em sendo mãe, não te iludas,
mil vezes o perdoaria! 
A.A. de Assis

 Vaidade, doença triste
que nos condena a estar sós...
Não nos deixa ver que existe
ninguém mais além de nós. 
A. A. de Assis

Mesmo soltas e espalhadas,
as pétalas são formosas;
porém, somente abraçadas
é que elas se tornam rosas! 
A. A. de Assis

 São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó! 
A.A. de Assis

A vida no mundo é um treino,
a etapa em que o Treinador
nos prepara para o reino
definitivo do amor! 
A. A. de Assis

 Quantas bênçãos traz a chuva
quando rega a plantação:
benze o trigo, benze a uva,
benze a vida em cada grão! 
A. A. de Assis

Tão bela, tão generosa,
símbolo eterno da paz,
pede desculpas a rosa
pelos espinhos que traz! 
A. A. de Assis

 De dia caleja a palma
o irmão que cultiva o chão.
De noite alivia a alma
nas cordas de um violão! 
A. A. de Assis

 Dói muito ver um canário
cantando humilhado e triste
em troca do vil salário
de um punhadinho de alpiste! 
A. A. de Assis

 Valente, o verde resiste
 à foice, ao fogo, ao trator.
 É a vida que, dedo em riste,
 Enfrenta o seu matador!
 A. A. de Assis 

Na porta da eternidade,
documento não tem vez.
– O cartão de identidade
é o bem que em vida se fez!

A. A. de Assis

O livro é o portão de acesso
à liberdade e ao saber.
E nem sequer cobra ingresso:
basta abri-lo, entrar… e ler!

A. A. de Assis

A vida jamais se encerra…
e é bom sermos imortais.
– Amar você só na Terra
seria pouco demais!
A. A. de Assis

O grande tenor se cala
ante o pássaro silvestre:
– é o discípulo de gala
querendo escutar o mestre!
A. A. de Assis

Na biblioteca há mil sábios
a nosso inteiro dispor.
— Sem sequer mover os lábios,
cada livro é um professor.
A. A. de Assis

Amai-vos, e as derradeiras
muralhas hão de cair.
– Havendo amor, as fronteiras
não têm razão de existir!
(A.A. de Assis)