Protesto

Do primeiro Cheng-Pong do ano:
– Filho, descobri no seu armário, uma máscara do anônimos e um taco de beisebol? Você usa isso?
– Não… quer dizer, às vezes…
– É que estou precisando. Você me empresta?
– Precisando? Pra quê?
– É que eu li as coisas que você andou escrevendo no Facebook. É publico, não é?
– Pai, eu sei que você não gostou do que eu escrevi lá, mas, são as minhas ideias, sou anarquista e…
– Não. Eu achei legal. Você me convenceu.
– Convenci? De quê?
– Tá tudo errado mesmo… Agora eu sou um anarquista também, que nem você…
– Você o quê? Pai… que história é essa?
– É, você fez a minha cabeça. Tem que quebrar tudo mesmo! Agora eu sou Old Black Bloc!
– Pai, você não pode… é diretor de uma empresa enorme…
– Não sou mais não. Larguei o meu emprego. Mandei o meu chefe e todo mundo lá ir tomar…
– Você não pode largar o seu emprego, está lá há 30 anos!
– Posso sim! Aliás tô juntando uma galera pra ir lá quebrar tudo! Abaixo a opressão! Abaixo tudo! É só você me emprestar a máscara e o taco de beisebol. E aí, você vem comigo?
– Não… acho melhor não…
– É melhor você vir porque agora que eu larguei tudo, a gente vai ter sair desse apartamento…
– Sair daqui? E a gente vai morar aonde?
– Sei lá! Vamos acampar em frente a uma empresa qualquer e exigir o fim do capitalismo!
– Pai, você não pode fazer isso!Não pode abandonar tudo!
– Tô indo! Fui!
– Peraí, pai! E minha mesada? E onde eu vou morar? E meu computador? Volta aqui! Volta aqui, pai!!! Voooltaaaaa!