Críticas e “críticas”

Os dicionários definem crítica como sendo um exame detalhado que visa a salientar as qualidades ou os defeitos do objeto a ser julgado. É comum encontrarmos alguém criticando o trabalho de outro sem tê-lo vivenciado pessoalmente, isto é, desaprovando o que nem sequer tentou fazer. Tudo isso faz parte da incoerência humana.
A crítica nociva é característica de indivíduos que não realizam nada de importante, não enfrentam nem se arriscam a mudanças. Ficam sentados, observando o que as pessoas dizem, fazem e pensam para, depois, filosofar improdutivamente sobre as realizações alheias, usando suas elucubrações dissociadas do equilíbrio. As discordâncias são perfeitamente saudáveis e normais, desde que estejam fundamentadas em fatos concretos e não nos vapores das suposições ou das projeções da consciência.
Há quem diga que crítica é profissionalizada, por ser um meio fácil e rentável para destacar os incapazes e inabilidosos, tornando-os pessoas importantes e formidáveis, porém não por muito tempo.
Os verdadeiros realizadores deste mundo não têm tempo para censuras e condenações, pois estão sempre ocupados na concretização de suas tarefas. Ajudam os fracos e inexperientes, ensinando os que não são talentosos, em vez de maldizê-los.
A crítica pode ser construtiva e útil. Cada um de nós pode dizer livremente, optar entre o papel de ironizar e o de realizar. A crítica pode ser empregada como forma de inocentar-nos da responsabilidade de nossa própria ineficiência e de atribuir nossas frustrações e fracassos aos que, realmente, são criativos e originais.Em verdade, para se viver com equilíbrio mental, emocional e social, é necessário, acima de tudo, respeitar os direitos dos outros, assim como queremos que os nossos sejam respeitados.
De acordo com a Doutrina Espírita: “Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais (…) a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes (…) em nosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas”.
No Evangelho de Lucas, cap. VI, vv. 42, o Mestre propõe: ’Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás bem para tirar o argueiro que está no olho do teu irmão.’
No mundo interior dos críticos implacáveis, pode existir uma intimidação, originalmente adquirida na infância, em virtude da autoridade e ameaça dos pais. Vozes do passado ecoam em suas mentes, solicitando, insistentemente, que sejam ‘pontuais e infalíveis, ‘ exatos e bem informados’, ’ super-responsáveis e controlados’.
As exigências do pretérito, criaram-lhe um padrão de comportamento mental, caracterizado por constante cobrança e acusação, fazendo com que projetem tudo isso sobre os outros. O medo de cometerem erros e o fato de desconfiarem de si mesmos conferem-lhes uma existência ambivalente.
Os críticos são especialistas em detectar e resolver os problemas que não lhes dizem respeito, mas, contrariamente, possuem uma grande dificuldade em aceitar a sua própria problemática existencial.
A Lei Divina nos dá o livre-arbítrio para escolhermos e concretizarmos o nosso programa de aprendizagem, ou seja, livre opção de elegermos o caminho a ser percorrido, para expandirmos nossa consciência.
Que este texto ditado pelo espírito Hamed, nos ajude a aprender a sermos críticos, mas benevolentes conosco e com os nossos semelhantes. A não sermos maliciosos, isto é a não criticarmos com intenção maldosa. Que as nossas críticas sejam sempre construtivas.

Valcir Martins, administrador, Maringá-PR