Sobre o respeito às normas
Quando o ex-deputado José Borba pianou, em 1998, votando em lugar de Valdomiro Meger, o que não faltou foi gente contemporizando. Seria um crime menor, apontavam; afinal, que há de tão grave um deputado votar em lugar do outro? Ora, o voto é a essência da democracia; a partir do momento em que frauda-se o voto, manifestação pessoal, frauda-se o processo democrático como um todo.
Da mesma forma, tentam relevar o fato de o prefeito de Maringá, Sivio Barros II (PP), ter ferido o decreto-lei 201/67 ao descumprir lei aprovada pelo Legislativo no ano passado, nominando uma creche. Por conta própria, ele passou por cima do ritual político-administrativo estabelecido e mudou o nome do homenageado, contrariando uma lei existente. Quando um agente político descumpre de forma proposital a lei, para atender interesses pessoais, é sinal de que todo o processo político está viciado por um viés autoritário, personalístico, típico de quem se acredita todo-poderoso. Se esse desrespeito às leis acontece num simples caso de nominação de próprio público, imaginem em algo, digamos, de maior relevância. E é de se lamentar que a maioria prefira fechar os olhos e fingir que não viu (mais) esse atentado à legislação.