Pontes ou cercas?

Por paradoxal que possa parecer, vivemos momentos de solidão, muitas em vezes, em plena multidão. O individualismo prevalece. A intolerância, o medo, a desconfiança nos fazem construir cercas de proteção ao nosso redor. Mas será que em vez de cercas não seria o melhor construirmos pontes? Reflitamos:
“Conta-se que certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda a vida trabalhando lado a lado, repartindo ferramentas e cuidando um do outro.
Durante anos eles percorreram uma estrada estreita e muito comprida, que seguia ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e desfrutar da companhia um do outro. Apesar do cansaço, faziam a caminhada com prazer, pois se amavam.
Agora tudo tinha mudado. O que começara com um pequeno mal entendido explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho foi visitado por um carpinteiro que procurava serviço. Sim: – Disse o fazendeiro- tenho um serviço. Veja aquela fazenda além do riacho. É do vizinho. Na realidade, meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso suportá-lo, não quero mais vê-lo. Preciso que construa uma cerca bem alta ao longo do rio. Tenho madeira e pregos suficientes para a obra.
Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre onde está o material que farei um trabalho que muito vai agradá-lo.
Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpinteiro a encontrar a madeira e pregos e partiu. O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia, medindo, cortando, e pregando. Já anoitecia quando terminou a obra.
O fazendeiro chegou da viagem e seus olhos mal podiam acreditar no que viam. Não havia cerca. Em vez da cerca havia uma ponte que ligava as duas margens do riacho.
Era realmente um belo trabalho, mas o ele ficou enfurecido e falou: Você foi muito atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei. No entanto, as surpresas, não haviam terminado. Ao olhar novamente para a ponte, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, e correndo com os braços abertos.
Por um instante permaneceu imóvel de seu lado do rio. Mas, de repente, num impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se chorando, no meio da ponte.
O carpinteiro já estava partindo com a caixa de ferramentas quando o irmão que o contratou pediu-lhe emocionado: “espere, fique conosco alguns dias. E o carpinteiro respondeu:” eu adoraria fica, mas, infelizmente, tenho muitas outras pontes para construir “.
A mensagem que fica dessa história publicada pela equipe de redação do Momento Espírita, no site da Federação Espírita do Paraná nos leva a algumas reflexões:
Será que não estamos precisando de um carpinteiro, ou somos capaz de construir nossa própria ponte para nos aproximarmos daqueles com os quais rompemos contato?
As pessoas que estão ao nosso lado, não estão ali por acaso. Há uma razão muito especial para elas fazerem parte do nosso círculo de relação. Por isso, não busquemos o isolamento construindo cercas que tanto separam e infelicitam os seres.
Construamos pontes e busquemos caminhar na direção daqueles que, por ventura, estejam distanciados de nós. E se a ponte da relação está um pouco frágil, ou balançando por causa dos ventos das discórdia, devemos fortalecê-los com os laços do entendimento e da verdadeira amizade.
Agindo assim, supriremos nossas carências afetivas e encontraremos a paz íntima que tanto desejamos.
Que caiam as cercas que separam as nações, como o antigo “muro de Berlim”.

Valcir Martins – Administrador – Maringá, PR