Meu diário
Um dos melhores uísques que tomei foi na casa do dr. Said Ferreira, acho que em 2002/03. Era época de Natal, fui entrevistá-lo, para fazer um balanço do ano, e ele ofereceu vinho para o fotógrafo e eu aceitei um uísque. Era por volta das 10h da manhã e nunca um scoth tinha descido tão bem pela garganta. Fui saber tempos depois que ele só bebia 21 anos. Esta é uma das lembranças que ficarão do relacionamento com o ex-prefeito.
Ele tinha fama de brabo, adversários o acusavam de ter mandado fazer coisas feias nas décadas de 70 e 80, mas quando elegeu-se pela segunda vez, no vácuo da administração-catástrofe de Ricardo Barros, com quase 70 mil votos (sem fazer um comício, diga-se), mudou. Um dia ele me telefona e, sem dar tempo para retrucar, foi avisando: “Aqui é o prefeito Said Ferreira, o sr. escreveu que houve problema na licitação de informática, o sr. vai ter que provar. Minha administração não é desonesta. Estou telefonando para dizer que vou processar o sr”, e, pá, desligou. Menos mal. Tive oportunidade de fazer com ele algumas boas entrevistas, de página inteira para jornais e para revistas. Ele gostava de uma foto que eu havia tirado na pré-campanha de 2000, quando resolveu apoiar Silvio Name Junior – apoio do qual recuou no decorrer da campanha. Ele tinha uma instabilidade política que lhe deu a fama de ser, politicamente, sem cintura. Por conta disso, travou antológicos embates com vereadores que antes eram aliados. A história política de Maringá, de qualquer forma, reservou o espaço para o dr. Said, que, junto com João Paulino, foi um dos prefeitos que mais realizaram pela cidade.