Salvação, obra de amor

Do padre Orivaldo Robles:

Uma senhora pobremente vestida, com os pés metidos em surradas sandálias, chegava, todos os dias de visita, ao saguão de espera da penitenciária. Trazia, invariavelmente, nas mãos uma matula com uma torta de palmito e outras iguarias que sabia serem do agrado do filho preso. Sujeitava-se, embaraçada, sem saber para onde olhar, ao exame das policiais femininas, norma imprescindível, nem por isso, contudo, menos constrangedora para alguém de quarenta e cinco anos, que se despia só na presença do companheiro, ainda assim, no quarto, à meia-luz. Por vergonha e ignorância não tinha ido a um médico ginecologista até a essa idade. Aceitava também, com imenso pesar, evidentemente, que agentes penitenciários revirassem seus quitutes graciosamente dispostos, no vagaroso trabalho de investigar se porventura ela não tinha tido a idéia (imagine!) de introduzir uma arma ou droga nas dependências da prisão. Desfaziam toda a beleza do embrulho. Na íntegra.