Duplicar resolve?

De João Valezi:
Dois pontos devem ser analisados, com relação à duplicação da rodovia PR-323: é uma das poucas rodovias de extrema importância para o progresso do Paraná ainda na mão do governo, e infelizmente também é hoje uma das mais violentas. Lembro-me da primeira vez que trafeguei por esta estrada. Foi em 1971, quando ela estava recém-pavimentada. O tráfego de veículos era calmo e sobre acidentes, nem se ouvia falar.
Numa análise mais profunda, a mudança no movimento aconteceu quando foi instalado o pedágio da rodovia que liga Maringá a Cascavel. Para desviar da cobrança, caminhões pesados começaram a usar mais a PR-323, e aí começou a se registrar acidentes com maior freqüência. Fugindo do pedágio, veículos pesados com destino a Cascavel e Foz do Iguaçu tomaram este trecho de Maringá a Alto Piquiri como rota alternativa, estimulados pelo governo Requião, com suas Estradas da Liberdade. Isso só aumentou o problema de quem usa este trecho de rodovia.
Duplicar seria a solução, mas como até os mais crentes sabem que será uma solução demorada, pois de todas as rodovias importantes em nossa região, ou talvez do Paraná, apenas o trecho Maringá a Londrina foi duplicada pelo governador Álvaro Dias, e o trecho Toledo a Cascavel ganhou pista dupla no governo Requião. No restante, todas as duplicações foram pedagiadas pelos caminhos da integração do governo Lerner. E foram bem poucos quilômetros, em proporção à malha viária do estado.
Ao trafegar pela PR-323, o que observa com nitidez são a imprudência e o excesso de velocidade. Aí, sim, está o problema crucial desta rodovia, que vem gerando a violência no trânsito. Rodando estes poucos mais de 200 km é possível registrar, em fotos ou vídeos, inúmeros exemplos de imprudência, ultrapassagem em locais proibidos, motoristas de caminhões que esqueceram a frase “mantenha distância”; velocidades excessivas, até abusivas; veículos sucateados e motoristas que trafegam com velocidade abaixo do mínimo permitido. Só poderia dar no que está dando: muitos acidentes e mortes.
O governo tem que investir na educação dos motoristas. Só assim irá diminuir esta tragédia que a cada dia nos assusta mais, pois toda vez que saímos pelas estradas menos certeza temos de que de voltarmos com vida.
(Foto: Marcos Apolinário – Publicado originalmente na Tribuna de Cianorte)