“Veneno antijudaico”

Do primeiro capítulo de “Holocausto”, de Martin Gilbert, uma das obras mais completas sobre o tema, meu atual livro de cabeceira:

“Por muitos séculos, a primitiva Europa cristã havia considerado os judeus como os “assassinos de Cristo”: um inimigo e uma ameaça a serem convertidos e “salvos” ou a serem mortos; serem expulsos ou mortos pela espada e pelo fogo. Em 1543 Martinho Lutero deu seu “conselho honesto” sobre como os judeus deveriam ser tratados. “Primeiro”, escreveu ele, “suas sinagogas deveriam ser queimadas e, tudo aquilo que não queimasse, deveria ser coberto ou espalhado com o lixo, para que ninguém, nunca mais, pudesse ver uma brasa ou pedra qualquer.” Casas judaicas, insistiu, “deveriam ser demolidas ou destruídas”. Judeus deveriam então ser “colocados sob um único teto, ou em um estábulo, como ciganos, para que se deeem conta que não são os senhores de nossa terra”. Deveriam ser postos a trabalhar, para ganhar seu sustento, “pelo suor de seus rostos”, ou se ainda considerados perigosos estes “terríveis vermes venenosos” deveriam perder suas posses “que extorquiram de nós através da usura” e ser expulsos do país “para sempre”.

As recomendações de Lutero eram típicas do veneno antijudaico de sua época. Expulsões em massa eram parte da política medieval. De fato, os judeus já haviam sido expulsos de quase todos os países europeus, incluindo a Inglaterra, França, Espanha, Portugual e Boêmia.”