Cidade Objeto na rodoviária de Maringá

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O projeto Cidade Objeto, do artista plástico Tadeu dos Santos, que consiste no redesign de objetos descartados como sofás, roupas e armário, transformando em arte o descarte, está desde ontem no terminal rodoviário de passageiros de Maringá. Confira o texto de apresentação da exposição, que foi levadda recentemente para um shopping da cidade:

“Das coisas nascem coisas”. O livro de Bruno Munari sobre o desenvolvimento de projetos de design dialoga com a obra do artista Tadeu dos Santos em muitos sentidos. Um deles é o surgimento da cidade estampada na superfície de objetos urbanos. Sofás, malas, roupas, calçados e acessórios recebem em sua “pele” a imagem da cidade, matriz de onde se originam. É como se os objetos refletissem o contexto em que foram e para o qual foram criados. Mas na cidade refletida nos objetos de Tadeu a natureza já não existe. Este é um outro ponto que aproxima a obra do artista com o texto de Munari. Para o autor, o homem do futuro está cheio de projetos falhos e neste sentido percebemos também a aproximação com a poética de Tadeu: a ausência da natureza na cidade aliada a apresentação de objetos revestidos de infinitos edifícios neles pintados nos faz refletir sobre as conseqüências do consumo excessivo.

A exposição Cidade objeto mostra um outro fato importante, bastante característico do contexto atual em Maringá: a ausência de espaços para as artes visuais. Falta arte na cidade. Em contrapartida, nos objetos pintados, a arte invade a cidade mostrando que a falta de espaços não corresponde a ausência de produção artística. A ação de Tadeu, que na linguagem publicitária denomina-se “ação de guerrilha” revela com vigor intenso uma necessidade de arte na cidade.

A exposição torna-se uma intervenção no sentido de apresentar-se como uma ação cultural, pois o fato de suscitar a reflexão sobre o consumo no espaço considerado “templo do consumo”: o shopping, revela a ousadia do artista em deixar sua mensagem no local onde ela é mais necessária.