Fatores que determinaram o fim das zonas
Psicóloga Eliane Maio aponta fatores que puseram fim às zonas de prostituição
A psicóloga Eliane Rose Maio, 51, diz que o fim das zonas de baixo meretrício, como eram conhecidas, deu-se por aumento das doenças sexualmente transmissíveis, emancipação da mulher e liberdade sexual.
Especialista em sexologia, doutora em educação e professora da UEM (Universidade Estadual de Maringá), ela afirma que o alto índice de doenças sexualmente transmissíveis começou a preocupar os homens. Diagnósticos de sífilis e gonorréia os deixavam expostos e causavam problemas na família.A emancipação da mulher, não confundir com libertinagem, explica a psicóloga, trouxe liberdade aos relacionamentos. Segundo ela, antigamente, muitas mulheres sabiam que seus maridos iam à zona, mas não traziam o assunto à tona. “Com as conquistas femininas, a mulher passou a tomar a iniciativa de conversar com o parceiro e o diálogo fluiu”, acrescenta.
Por fim, a liberdade sexual, cujas conquistas mostraram que o sexo pode ser praticado com respeito e segurança. “Antigamente, era comum o pai levar o filho adolescente à zona para ele ter sua primeira relação sexual”, afirma. “Isso se tornava um ato forçado, que deixava muitos meninos traumatizados para o resto da vida”.
Rose diz que o fato de pessoas criticarem a zona e a frequentarem escondido demonstra que o sexo chegou entre nós como algo distante, imposto pela classe dominante. “A repressão não funciona porque o desejo latente permanece”, esclarece. “Com isso, surgem a doenças psicossomáticas, que podem se transformar em histeria”.