Interesses obscuros

Li no blog do Messias Mendes, a quem peço licença para reproduzir: “Não estou entendendo o Milton Ravagnani, que chama de guerra fundamentalista as manifestações contrárias à instalação de uma usina de incineração do lixo urbano em Maringá. Ele qualifica de demonizantes os argumentos sustentados inclusive pela Igreja Católica, contra o projeto do prefeito Silvio Barros II. Milton foi buscar numa matéria da Globo News (programa Cidades e Soluções) argumentos dito científicos, que provariam a eficácia (e a ausência de riscos à saúde) da usina de incineração.
Enfim, na avaliação do ilustre colunista desse O Diário, os que contestam a idéia da usina são movidos por interesses obscuros. Não creio que o Fórum Intermunicipal Lixo e Cidadania, criado pelo Ministério Público do Trabalho, se deixaria envolver em uma luta que não fosse de defesa do meio ambiente e dos trabalhadores que vivem de catar recicláveis.Pelo sim, pelo não, fiquemos atentos às manifestações públicas de organizações internacionais de defesa ambiental, entre elas o Greenpeace , que condenam com veemência a tecnologia da incineração, que todas reconhecem: “não tem lugar em um futuro sustentável”.
Vale dar uma olhada no tratado da Convenção de Estocolmo, firmado por 151 países, inclusive o Brasil, cujo objetivo é o de acabar com a fabricação e utilização de substâncias tóxicas. Entre essas substâncias estão as dioxinas, potencialmente cancerígenas. Pois não é que a Convenção classifica os incineradores de resíduos como fontes geradoras de dioxinas? Vejam só: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente considera que os incineradores são fonte de mais de 60% das emissões mundiais de dioxinas, principalmente quando queima-se grandes quantidades de plástico e papel..
Para piorar a situação, o Brasil não dispõe de mecanismos de controle e monitoramento de sistemas de tratamento térmico de resíduos sólidos, cuja liberação de dioxinas e toxinas venenosas é, comprovadamente, danosa à saúde da população.
Portanto, se existem interesses obscuros nesse enfrentamento que se faz em Maringá, certamente eles não estão do lado de quem protesta contra o projeto da usina. Ora pois, meu caro Milton, o buraco é bem mais embaixo.”
Meu comentário (Akino): Conversei hoje com um especialista que me garantiu que o projeto não é claro. Que embora o secretário tenha dito que tudo está no site, não está. Isto reforça as suspeitas de há, sim, interesses obscuros e por parte daqueles que querem a todo custo instalar a empresa para queimar o lixo em Maringá.
Akino Maringá, colaborador