Os animais e nós… humanos

De Luiz Carlos Rizzo:
Concordo – e aplaudo – o texto de Solano Rossi ao condenar a decisão dos vereadores maringaenses que aumentaram seus salários para R$ 12.500,00. Com penas uma ressalva:
Os vereadores maringaenses deram, sim, um tiro no pé, mas não se animalizaram. Os animais, dito irracionais, são os únicos que não possuem ações destrutivas contra si e contra os outros, a não ser em legítima defesa pelo instinto de sobrevivência física.
Analisando bem, os animais – dito irracionais – estariam num plano de inteligência superior ao nosso, que somos qualificados como humanos: os animais não possuem sentimentos negativos, que carregamos dentro de nós: vingança, ressentimento, ódio, raiva, desejo do mal para o outro.
Os animais, ao contrário dos humanos, não vivem num palco da vida encenando, muitas vezes, o que não são. Uma barata é uma barata e ponto final. O gato jamais desejou ser um cão e nem leão. Quando algumas espécies animais irracionais camuflam, é apenas por instinto de sobrevivência e nada mais. Nós, humanos, buscamos camuflagem para esconder nossos pequenos, médios e mal feitos para, muitas vezes, não arcarmos com as consequências de nossas perversidades. É da condição humana em menor ou maior escala negarmos nossos atos para não sairmos da zona de conforto e nem sermos castigados. Dói.
Nós, humanos, passamos toda nossa existência perguntando, sem respostas finais: de onde vim? quem sou eu? para onde vou? estou sozinho no universo? E transformamos nossas existências num poço de angústias, decepções, tristeza com espaço, é claro, também para pequenas alegrias, felicidades, compensações afetivas.
Temos, creio eu, muito que aprender com os animais dito irracionais. Não? Quer mais afeto que o dispensado pelo cãozinho da família mesmo que todos nessa família o tratem aos gritos e agressões? Faça isto com um ser humano e arque agora – ou um pouco mais lá na frente – com as consequências merecidas do comportamento que nós, humanos, consideramos animalesco.
Ah! Se todos nós, humanos, tivessemos bons – e nobres – sentimentos tal como os demonstrados pelos animais irracionais…
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(*) O autor é jornalista e historiador