Na comunidade, tudo era de todos
O pioneiro Luciano Contardi, 87, chegou a Paiçandu em 1950 e encontrou os últimos sutis no município. O sítio no qual está até hoje era vizinho da comunidade dos caboclos. Ele diz que havia mais de 300 pessoas e muitas já haviam ido embora porque a colonizadora começara a desbravar a região.
O agricultor diz que os sutis eram alegres, gostavam de festas, principalmente as de Santo Antônio, São João e São Pedro, que duravam até semanas. Na comunidade, não havia donos, tudo era de todos.
Plantavam mandioca, banana, batata e milho, que misturado à água era socado em monjolos. Depois de seco virava farinha, da qual eram produzidos bijus. Acompanhados de carne de porco, formavam o cardápio das festas.
Contardi afirma que os sutis evitavam contato com brancos. Casavam-se entre eles, o que provocava problemas consangüíneos. Alguns eram albinos. Eles viviam em média 45 anos e morriam geralmente de lepra e anemia. Criavam porcos, galinhas e equinos. Abriam extensas trilhas na mata por onde tocavam porcos que vendiam para outras localidades.
O pioneiro Luciano e a foto de sua propriedade vizinha da comunidade dos sutis, em Paiçandu