Rua dos Sutis, a única lembrança
Apesar da rua dos Sutis, pouca gente sabe da passagem dos caboclos por Japurá
Com o avanço da colonização, os sutis chegaram a Japurá, a 40 quilômetros de Cianorte. No limite daquele município com São Tomé eles formaram uma comunidade, a Gleba dos Sutis, cortada pelo Rio dos Sutis. Em Japurá, apesar da rua dos Sutis, quase ninguém sabe quem foram os caboclos que viveram no município na década de 40. A reportagem foi à prefeitura da cidade atrás de informação sobre o assunto. Uma funcionária, que pensou tratar-se de algum pioneiro tradicional, ficou surpresa ao saber que sutis eram um povo que viveu na região.
O único documento existente na Prefeitura de Japurá da história do município cita apenas pioneiros tradicionais.
O taxista Agenor Bissochi, 76, morou na Gleba dos Sutis entre 1954 e 1971. Dono de um sítio no local, ele diz que quando chegou à região, os sutis já haviam ido embora, mas ouvia falar muito deles. “Eles moravam numa colônia na beira do rio onde cultivavam grande área de terra e criavam porcos”, conta.
O agricultor Paulo Sérgio Carlesso Manieri, 42, cuja família chegou à região em 1951, mora na Gleba dos Sutis. Ele diz ter ouvido do seu pai que os sutis sepultavam seus mortos num cemitério construído na gleba, como ocorrera em Paiçandu. “Com o passar dos anos, as sepulturas foram destruídas pelos tratores que tombavam a terra para cultivo de cereais”, afirma. O local está tomado por plantação de mandioca.
O taxista Agenor Bissoti mostra local onde havia um cemitério dos sutis, entre Japurá e São Tomé