Um gigante nasceu
As manifestações que começaram pela reivindicação de que as tarifas do transporte público não tivessem reajuste foram impulsionadas pela hashtag #ogiganteacordou. As redes sociais foram o canal de comunicação e organização de uma nação, do nosso Brasil. Pela primeira vez vimos milhares de pessoas, organizadas pela internet e depois nas ruas. Vi a ditadura militar de perto, a luta pela liberdade de expressão, o grito pelas diretas já e os caras pintadas pedindo o impeachment do Collor. Mas, vi pela primeira vez, os jovens sem bandeiras partidárias, se organizando por um novo canal, a internet e com tanta força.
Em vez de falar “o gigante acordou”, prefiro dizer “um gigante nasceu”. É uma nova geração, claro, que tem o apoio dos mais velhos, mas que nasceu para a democracia, para a cidadania e busca a justiça. Algo é certo, as manifestações aproximaram os jovens brasileiros das questões políticas, econômicas e sociais.
Afirmo e reitero a importância desse levante do nosso povo. Mas, sem qualquer constrangimento e com total convicção, afirmo que falta foco. As manifestações começaram com um motivo, mas seguiram com outros tantos, que não é possível a clareza de posicionamento e motivo de luta. Agora o passo é de estabelecer metas e escrever um manifesto, para lutar por elas.
Em relação a violência, a depredação e saques, acredito que são atos isolados de desordeiros e que não podemos identificar isso com a manifestação. Sinto muito pelos feridos, pelos confrontos entre policiais e a sociedade, pela destruição ao patrimônio público, aos prejuízos causados às empresas privadas e, principalmente, pelas vítimas.
Isso é inadmissível e destoa, completamente, de qualquer motivo de luta. Precisamos pensar como uma sociedade organizada, que luta com sabedoria e paz pelo que acreditamos ser para o bem comum.
Neste processo, as manifestações vão formando uma sociedade organizada, que é capaz de cobrar dos governantes ações eficientes, trabalho, justiça, competência e respeito. O gigante que nasceu está aprendendo a ir à luta e não apenas esperar. Não podemos deixar que o poder econômico e político seja o monopólio da elite.
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(*) Edmar Arruda é deputado federal pelo PSC