Do professor Gilberto Pavanelli:
Estive em Palotina ontem. Vi algumas propriedades agrícolas terminando a colheita do milho “safrinha” e ao lado outras com o trigo já crescendo. Será que o solo suporta esse tipo de cultivo que envolve três safras anuais: soja, milho e trigo? É claro que precisamos produzir alimentos, mas será que a qualquer preço? Esse modelo de utilização da terra, que foi implantado há algumas décadas no Rio Grande do Sul pode ser eficaz em curto prazo, mas lá na frente virão as consequências negativas. Coincidentemente perto de Palotina existe uma cidadezinha muito bonita que é Nova Santa Rosa, fundada na década de 70. Eis alguns dados sobre ela: “possui cerca de 8 mil habitantes, sendo que 90% são descendentes de europeus, vindos da região de Santa Rosa no Rio Grande do Sul, o que resultou numa cultura avançada, sempre à frente de seu tempo”. No final de 2000 foi fundada uma nova Santa Rosa, agora no Piaui. Tem cerca de 5 mil habitantes e foi colonizada por ex-moradores de Nova Santa Rosa do Paraná. Acima do Piauí não existe mais lugar para ir. Isso é sintomático: precisamos aprender essa lição. A terra pode ser explorada para a produção de alimentos (ninguém nega isso), mas isso deve ser feito de maneira mais racional, caso contrário daqui a algum tempo corremos o risco de nosso solo ficar exaurido. Com a alta do dólar a importação de suprimentos agrícolas do exterior ficará muito mais cara e sem adubos e pesticidas em grande quantidade não existe produção de alimentos. Que tal se intercalássemos uma cultura intermediária para incorporação de nitrogênio e oxigenação à terra como era feito no passado??? Prudência e caldo de galinha às vezes fazem bem. Que o diga a população de algumas regiões gaúchas que já estão sofrendo intenso processo de desertificação.