Diretoria da Cocamar lamenta morte de dom Jaime

Em 1965, quando a diretoria liderada por José Cassiano Gomes dos Reis Júnior assumiu o comando da Cocamar, a primeira pessoa a ser procurada, em busca de apoio, foi o então bispo diocesano de Maringá, dom Jaime Luiz Coelho. O religioso, uma das personalidades mais influentes do município, poderia ajudar a cooperativa a fortalecer o relacionamento com os produtores da região. Fundada dois anos antes, a entidade passava por sérias dificuldades, corria o risco de fechar as portas e muitos cafeicultores haviam se afastado.Dom Jaime não apenas prontificou-se a ajudar a Cocamar como determinou que a Mitra se tornasse associada, passando a depositar na cooperativa todas as sacas de café doadas pelos produtores para financiar a construção da Catedral. Sua atitude ajudou a resgatar a confiança dos produtores.
Em entrevista no ano passado ao Jornal Cocamar, ele se recordou desse episódio. Disse, inclusive, que antes da fundação da Cocamar, havia planejado a fundação de uma cooperativa de pequenos produtores, mas a ideia não evoluiu.
Primeiro arcebispo metropolitano de Maringá e uma das pessoas mais importantes da história do município, onde chegou em 1957, dom Jaime Luiz Coelho faleceu na madrugada desta segunda-feira, aos 97 anos, vítima de insuficiência renal crônica. Ele chefiou a igreja da cidade por 40 anos, até 1997.
Em 2008, quando da celebração dos 45 anos da Cocamar, dom Jaime foi um dos homenageados pela diretoria. “Seu apoio, naquele momento inicial, foi decisivo para que a cooperativa se reerguesse”, conta o presidente Luiz Lourenço, que diz ser um admirador da obra realizada pelo religioso, lamentando a sua perda.
Já em 1958 ele idealizou o formato da Catedral e conduziu sua construção, concluída em 1972; entre tantas outras iniciativas, viabilizou a Santa Casa de Misericórdia, o Seminário Diocesano, o Lar Escola da Criança, foi um dos primeiros a lutar pela implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Maringá (o embrião da Universidade Estadual de Maringá) e incentivou a comunicação: fundou a Folha do Norte do Paraná e a TV Cultura de Maringá.
Mesmo avesso a entrevistas, dom Jaime aceitou conversar com o jornalista Lincoln Sousa, da Flamma Comunicação, ao final da manhã do último dia 12 de julho, em seus intervalos de hemodiálise. Sousa produzia o conteúdo do Repórter Cocamar – série de 23 capítulos sobre a história dos 50 anos da cooperativa, veiculada na Rádio CBN Maringá -, para o dia 16. Na oportunidade, o primeiro arcebispo lembrou o apoio à entidade, dizendo que “via muito valor no cooperativismo e também nas pessoas”. Depois, com o gravador desligado, disse, em tom resoluto: “essa é a minha última entrevista”.
O depoimento pode ser acessado no site do Jornal Cocamar. (Flamma)