Educação de qualidade exige boas escolas

Por Evandro Junior:
evandrojrOs argumentos em defesa da educação e de sua importância para o desenvolvimento de um povo geralmente são incontestáveis. Não se pode contrariar nunca a necessidade de mais investimentos em todas as etapas do processo do aprendizado, da educação básica à formação superior, e na qualificação dos professores, assim como pagamento de salários mais justos e condições mais adequadas de ensino. Eis, no entanto, aspecto pouco lembrado nos debates sobre educação: a precariedade da infraestrutura das escolas, em particular dos estabelecimentos estaduais.
Governos anteriores pouco ou nenhuma atenção consagraram à manutenção e ampliação dos colégios, como bem demonstra levantamento junto às escolas que integram o Núcleo Regional de Educação de Maringá (NRE). De pequenas reformas a grandes intervenções, como construção de salas de aula e projetos de acessibilidade, as demandas são muitas, mas este governo decidiu dar respostas efetivas a reivindicações que se arrastam por décadas. Somente este ano a previsão é investir R$ 500 milhões na construção, reforma e ampliação de escolas.
Mas não é assim tão simples. A partir de contatos com professores e diretores de escolas desenhamos um mapa das condições das escolas na região – e o cenário que emergiu desse levantamento exige intervenção urgente e imediata. Contudo, não basta disponibilizar recursos para a execução das obras: é preciso elaborar projeto e adequá-lo a diversas exigências. O processo é burocrático e o trâmite demorado, razão da demora da intervenção em algumas escolas, gerando reclamações de professores, diretores e, principalmente, estudantes.
Há escassez de engenheiros e outros profissionais encarregados da elaboração de projetos e acompanhamento de obras, o que impõe restrições ao andamento de todo o processo. Detectado o descompasso entre a necessidade de apressar a execução das obras e a falta de mão de obra especializada, fomos atrás de solução para resolver o impasse. A alternativa mais viável e rápida, após consultas a especialistas, seria a celebração de convênio entre a Secretaria de Educação, via ParanáEducação, com as instituições de ensino superior públicas.
No caso de Maringá, já encaminhamos discussões no sentido de firmar esse acordo com a UEM, mediante estímulo ao estágio remunerado com estudantes dos últimos anos de Engenharia Civil e Elétrica e Arquitetura. Formandos desses cursos poderiam contribuir decisivamente para apressar a execução das obras nas escolas estaduais, somando forças com os profissionais do NRE e tirando da fila estabelecimentos que há mais de uma década esperam por intervenções. A demora para a execução de reformas e ampliações somente agrava os problemas.
Ainda não temos o formato exato desse convênio, que vai evoluir e assumir o modelo adequado para a instituição de ensino e o governo a partir de amplas discussões com estudantes e professores da universidade, etapa que iniciamos recentemente num clima de pressa e urgência, como exigem as circunstâncias. A UEM mostrou-se muito receptiva à proposta, que ensaia alcançar outras áreas do conhecimento, além da engenharia. Serviço social, administração e contabilidade são alguns dos segmentos que também podem ser objetos de convênios para beneficiar as escolas.
Os desafios da educação são muitos e os avanços ainda se mostram lentos diante da necessidade de apressar o passo como condição essencial para a evolução do conhecimento e, em conseqüência, do desenvolvimento do país. Ensinar aqui a lição já aprendida por outros países, que lastrearam na educação as bases de seu crescimento, é urgente e inadiável. Mais do que recursos para transformar o discurso em prática, precisamos de idéias criativas, de soluções pactuadas, de esforço conjunto. Educação é um bem coletivo.
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(*) Evandro Junior é deputado estadual pelo PSDB/PR