Por que torcemos para clubes de outros estados?
Do Maringalidades:
Depois da bela vitória do Maringá Futebol Clube – MFC contra o Coritiba, vários curitibanos (ação orquestrada?) entraram em grupos de Maringá no Facebook questionando: “Por que vocês não torcem para os times da capital?” Ou então: “Maringá não tem torcida de verdade. O WD estava lotado, mas só dava pra ver camisetas dos 4 grandes de São Paulo e do Flamengo”. E pior: “Vocês não são paranaenses de verdade. Paranaense de verdade torce pro Coxa, Atlético ou Paraná!”. Bem, realmente é um fenômeno interessante, e vários fatores explicam isso. Para começar, Maringá foi colonizada principalmente por paulistas e sofre mais influência cultural de São Paulo do que da região sul. Da mesma maneira, a região oeste do Paraná (Cascavel e Toledo) é repleta de gaúchos, logo, possui muitos torcedores de Inter e Grêmio.
Outro aspecto a ser mencionado é que o futebol do Paraná nunca teve grande alcance nacional e internacional. Tirando uma conquista ou outra, o trio da capital geralmente fica na rabeira dos clubes de maior projeção. Concordo que torcer não tem nada a ver com conquista de títulos, mas pelo fato de Curitiba ficar geograficamente e culturalmente muito distante de Maringá, os habitantes do norte do Paraná não estabelecem nenhum laço de afinidade com os times de Curitiba.
Não menos importante, as cidades do interior também possuem seus próprios clubes, que rivalizam com os da capital nos certames estaduais. Muitas vezes a arbitragem favorece os times da capital, o que só aumenta a birra. Mesmo cambaleantes, por vezes falidos e com nomes alterados, o torcedor do interior torce majoritariamente por um gigante do futebol nacional, mas não perde a oportunidade de vibrar pelo clube da sua cidade. “Que absurdo torcer para dois clubes!” – dirá o galego xarope de Curitiba. Não existe fórmula para torcer, cara pálida. O futebol é um fenômeno sociocultural extremamente complexo, e explicá-lo em poucas linhas no Facebook é impossível.
Recomendo aos torcedores dos três times de Curitiba que desencanem. O interior do Paraná tem sua própria dinâmica futebolística. Coritiba, Atlético e Paraná até já tentaram ações de marketing em cidades do interior para atrair torcedores, mas não tem jeito. O prazer do maringaense é acompanhar o time local na primeira divisão, lotar o Willie Davids, encarar os times da capital de igual para igual e vencê-los, repetindo as façanhas do saudoso Grêmio Maringá. E depois do jogo, quando chegamos em casa, corremos para ver os resultados do Paulistão ou do Carioca. Lidem com isso.
Fim do mundo é parente de político influente sendo flagrado em atos criminosos de torcida organizada. Torcer para clube de outro estado é perfeitamente compreensível.