Funk de La Marseillaise (-ada)

funk
Do Velho Gagá:
Somos um povo feliz, mas a imprensa insiste em mentir nossas dificuldades. Não sofremos por desgoverno nem por impunidade.

(-Allons enfants de la Patrie
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie)

Inventam de tudo… Desde que padecemos em hospitais, vez por outra ainda dizem que faltam remédios e médicos, e que estraçalharam as pesquisas sérias para a cura de muitas doenças, inclusive o câncer.
Temos de tudo… Hospitais implorando por pacientes, estetoscópios perambulando em desespero aqui e ali, à busca de ao menos um avecêzinho que seja.

(L’étendard sanglant est levé
L’étendard sanglant est levé
Entendez-vous dans nos campagnes
Mugir ces féroces soldats?)

Alvissareiros, nossos eleitos em fim de mandato mostram seus feitos e, retumbantes, fazem tudo em segredo e só nos contam em vésperas de eleições. Eles são nossa glória! Vida longa aos signatários do poder e no poder em nosso Brasil. clapt, clapt, clapt!

(Ils viennent jusque dans vos bras.
Égorger vos fils, vos compagnes!
-Aux armes citoyens
Formez vos bataillons
Marchons, marchons
Qu’un sang impur abreuve nos sillons)

Somos cultos de berço, e é inegável o jorrar de sangue, suor e lágrimas de nossos políticos em prol de salvaguardarem para nossos filhos boas escolas e universidades gratuitas e prodigiosas, mesmo quando fingimos não ver os polpudos salários dos Mestres e Professores.

(Que veut cette horde d’esclaves
De traîtres, de rois conjurés?
Pour qui ces ignobles entraves
Ces fers dès longtemps préparés?)

Se somos o fiel retrato de um povo manso e ordeiro, somos a imagem de nossos amados mandatários, eleitos e mui dignos.

(Brasileiros, pour nous, ah! quel outrage
Quels transports il doit exciter?
C’est nous qu’on ose méditer
De rendre à l’antique esclavage!)

Não sabemos mais donde foi a tal inflação. E se formos mais justos, somos pagos, a maior parte de nossos operários, com salários que duram dois meses, ou mais. Falta mês para tanto ganho! É um sonho chegar à velhice e receber a aposentadoria do INSS, planejada para nos dar justa e digna velhice!!!

(Quoi ces cohortes étrangères!
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fils guerriers!
Grand Dieu! par des mains enchaînées
Nos fronts sous le joug se ploieraient
De vils despotes deviendraient
Les maîtres des destinées.)

Não somos, como dizem nos jornais, surrupiados por grupos estrangeiros, formando quadrilhas com CNPJ em pleno solo pátrio. Somos conduzidos com a mesma seriedade com que votamos.
______________
* O texto entre parênteses é de autoria do Claude Joseph Rouget de Lisle (1792), autor da letra do hino francês “La Marseillaise” (A Marselhesa), um francês chegado a pensamentos esquerdistas, o que não é bem a ideia do Velho Gagá aqui, autor do restante da riquíssima letra funk.