Reflexões sobre a morte de Campos
De Rodrigo Contessotto:
O acidente aéreo estúpido que vitimou o presidenciável Eduardo Campos é o fato novo que faltava na corrida eleitoral ao Planalto. Devido ao sucesso inegável da Copa do Mundo, o cenário continuava estável e previsível: Dilma na casa dos 40%, Aécio estacionado em 20% e Campos com aproximadamente 10%. Agora tudo muda. No calor da hora é impossível prever se esse capital eleitoral será transferido e ampliado para a conta de Marina Silva – a possível substituta – ou cair no colo de Dilma ou Aécio.
Apesar de depositar minha confiança na reeleição de Dilma Rousseff, lamento profundamente a partida repentina de Campos. Era, sem a menor margem de dúvida, o quadro da oposição mais preparado para construir um governo de coalizão de centro-esquerda alinhado com as políticas sociais fundamentais implantadas por Lula e Dilma. PSDB e Aécio Neves representam o que há de pior na gestão pública. Os colegas docentes das escolas estaduais que vivem sob o comando do tucano Richa e os mais velhos que sobreviveram aos combalidos modelos neoliberais de Lerner e FHC sabem bem do que estou falando. Se não sabem, deveriam saber antes de acreditar em Aécio como alternativa.
Ciência política à parte, mais lamentável do que o falecimento de Eduardo e outras seis pessoas são os comentários descabidos em redes sociais. A prova definitiva de que o Facebook é o território preferido dos imbecis. “Poderia ser a Dilma”, “Poderia ser o Aécio”, “Poderia ser o Pastor Everaldo”, “Foi o Lula quem mandou derrubar o avião”, “A morte no dia 13 indica a culpa do PT” e por aí vai. É a ausência total de bom senso e uma quantidade assustadora de ignorância espalhadas pela web. Quem deseja a morte de outro ser humano e compartilha a primeira bobagem de mau gosto que aparece não merece nada além de desprezo.
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(*) Rodrigo Contessotto
Professor de História e Educação Física
Londrina-PR
Foto Mauro Filho