De José Luiz Boromelo:
Diante dessa controversa decisão, seria interessante que o eminente presidente daquela casa de leis (que alardeia economizar milhões em sua gestão) explicasse aos eleitores quais critérios foram utilizados para classificar daquela forma as pautas em trâmite, uma vez que logo no período eleitoral as matérias a serem apreciadas ganharam outra relevância, notadamente com gradação decrescente. Estranho (mas não inédito) esse recorrente costume em mensurar as coisas de acordo com interesses próprios. A verdade é que determinadas atitudes dos homens públicos já não causam surpresas, mas levam a reflexões. Sem sombra de dúvidas os deputados-candidatos partiram para as campanhas eleitorais com todo o afinco, restando, portanto muito pouco tempo para as atividades inerentes ao cargo. E como a maioria deles tenta a reeleição, certamente o plenário ficaria às moscas no caso de se convocar alguma votação “urgente”.
Já que Suas Excelências estaduais decidiram de comum acordo pela suspensão dos trabalhos (por considerar que não há urgência na pauta), nada mais justo que por iniciativa própria ou da sociedade paranaense, os subsídios a que têm direito por lei sejam proporcionais aos dias trabalhados no período. É o mínimo a se esperar de quem haveria de dar o exemplo. É a postura decente de um verdadeiro representante do povo. É a imagem fidedigna da conduta impregnada de ética e decência, requisito número 1 que o homem público deve carregar consigo, em quaisquer situações. Independentemente de conceitos e doutrinas político-partidárias, nossos representantes haveriam de se fazer acompanhar de sentimentos bem mais nobres dos que ora apresentam. Esquecem-se os indiferentes parlamentares de que o cidadão comum está sujeito a todas as convenções trabalhistas vigentes no País e que suas posturas antiéticas são uma afronta àqueles que jamais serão contemplados com privilégios dessa envergadura.
Espera-se dos deputados paranaenses o mínimo de sensatez diante desse caso típico de corporativismo consensual. Em época de pleito, não é hora para cair no desagrado do eleitor, muito menos o momento propício para mostrar poder e autonomia. As urnas aceitam mudanças de última hora, bastando para isso a vontade do eleitor em mostrar sua contrariedade para com aqueles que resolvem legislar em causa própria. Portanto, juízo senhores deputados-candidatos. Estamos de olho.
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(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista