Cidade ao avesso

livro

A Editora CRV lançou Cidade ao Avesso – Desordem e progresso em São Paulo no liminar do século XIX, resultado de uma tese de doutorado que Sidnei J. Munhoz, professor de História Contemporânea na UEM, defendeu na Universidade de São Paulo em 1997.
O livro analisa os conflitos urbanos, as tensões entre a polícia e a população civil e os embates entre os diferentes corpos de polícia.
Por intermédio de uma detalhada pesquisa em diferentes arquivos no Brasil e no exterior, o autor defende a tese de que durante o rápido desenvolvimento da cidade de São Paulo, contrariamente à ideia de um período ordeiro e tranquilo, consolidada na literatura histórica, de fato, houve um processo conflituoso e repleto de desordens. A rápida urbanização da cidade gerava conflitos diversos, provocados pelas dificuldades dos novos habitantes, de forma predominante provenientes de áreas rurais, se adaptarem aos códigos de conduta urbanos.
A intensa onda migratória para a cidade colocou lado a lado agrupamentos de tradições, culturas e línguas distintas. Tudo isso produzia um caldeirão fervilhante e propício à emergência de conflitos. Os policiais que deveriam garantir a ordem e dar proteção à população, muitas vezes, se organizavam como quadrilhas, com o objetivo de atacar e roubar a população. A população nem sempre era vitima pacífica desse processo. Os imigrantes, principais alvos dessa violência, reagiam. Em meio a tudo isso a cidade crescia rapidamente, em alguns períodos a taxas de até 14 % ao ano, o que a levava a dobrar a cada cinco anos. Desse modo, São Paulo era a cidade que trilhava rumo ao “progresso”, mas não como expresso na bandeira do Brasil. Não era “Ordem e Progresso”, explica o livro. A nova metrópole emergia do crescimento desordenado e caótico da antiga pequena cidade. A cidade era a expressão da desordem, causada pelo conflito entre o velho e o novo. Assim, São Paulo se agigantava em desordem rumo ao chamado progresso.
Doutor em História Econômica pela USP, Munhoz liderou um esforço para expandir o acesso a documentos do Departamento de Estado dos EUA no Brasil, coordenando um projeto para digitalizar cópias microfilmadas de documentos produzidos entre 1908 e 1939 e 1945-1959 em colaboração com o Arquivo Nacional do Brasil (leia mas).

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