Londrina, novamente, na Lava Jato

Editorial da Folha de Londrina desta sexta-feira:

Um desdobramento da Operação Lava Jato levou para a prisão mais um político que iniciou sua trajetória em Londrina.
O ex-ministro Paulo Bernardo (PT), que esteve à frente das pastas do Planejamento, no governo Lula, e Comunicações, com Dilma, foi preso ontem em Brasília. Ele teria recebido pelo menos R$ 7 milhões de propinas, tornando-se alvo central da Operação Custo Brasil.

Provas colhidas pela força-tarefa da Polícia Federal indicam que houve formação de organização criminosa no Ministério do Planejamento entre 2009 e 2015. Segundo a polícia, mesmo afastado do Planejamento, ele continuava operando o esquema, responsável pelo desvio de R$ 100 milhões. O dinheiro da propina veio do contrato com uma empresa de tecnologia. É um exemplo claro de como a corrupção prejudica o cidadão, pois a empresa gerenciava o sistema de concessão de empréstimos consignados a servidores públicos. O custo desse trabalho seria de R$ 0,30, mas a empresa cobrava cerca de R$ 1. A diferença na cobrança mostra o quanto foram prejudicados os funcionários públicos que utilizaram esse tipo de empréstimo. Antes de Bernardo, a Lava Jato já tinha enquadrado outro político londrinense de expressão nacional. O ex-deputado federal André Vargas foi detido nas primeiras fases da operação. E o doleiro Alberto Youssef, também de Londrina, preso no início das investigações, foi um dos principais delatores da Lava Jato. Se por um lado o londrinense fica aliviado ao constatar que as investigações seguem em frente e suspeitos de corrupção estão indo para a prisão para justificar seus atos, é impossível ficar feliz ao ver o nome da cidade envolvido mais uma vez na lama. São muitos os escândalos que envolvem personalidades da cidade em esquemas criminosos de desvio de dinheiro público. A corrupção anula o potencial de crescimento de uma cidade, estado ou país. Não só pelo dinheiro desviado, mas gerando distorções nas contratações de prestadores de serviço e influenciando decisões de investimento. O brasileiro tem percepção de que a corrupção no País é sistêmica e conhece as consequências disso. Mas a sociedade precisa se posicionar com rigor, cobrando dos congressistas mudanças na legislação que dificultem a vida dos envolvidos nesse tipo de crime. Essa mudança de postura por parte do cidadão precisa começar localmente, na eleição deste ano, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores.

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